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Sobre a cegueira

GISELLE FERREIRA.
Num quarto vazio e repleto de angústia, um homem recebe um livro. Já há algumas gerações em sua família é sabido que o livro provoca cegueira em seu leitor à medida que este avança as páginas. Sozinho e entregue, Eduardo Moscovis, 46, é o homem sem nome e sem história que compartilha, em espetáculo intimista, o processo da perda da visão e ganho de outras percepções.
Na foto: Eduardo Moscovis no palco.
Em sua estreia no formato monólogo, Moscovis assume a solidão em cena e comanda todos os artifícios de luz, som e cenário. Com direção de Christiane Jatahy, “O Livro” chega aos galpões da Funarte MG na próxima semana (de 3 a 7 de setembro), quatro anos após sua estreia no Rio.
No escuro se enxerga melhor o lado de dentro, constata o homem ao fim de seu martírio, mas durante o percurso de sua desesperadora leitura, a peça coloca a prova sua capacidade de aceitar seu próprio destino. Ele percorre as páginas tentando encontrar algum sentido para o lhe acontece, sabendo que será a última vez que poderá experimentar com os olhos o mundo em volta.
A princípio relutante em carregar sozinho o peso de um solo – para ele o formato soava um tanto quanto egocêntrico –, Moscovis topou a empreitada por ter se encantado com o texto do dramaturgo Newton Moreno e pela oportunidade de experimentar com a desconstrução do teatro tradicional que Christiane proporcionaria ao trabalho.
“Depois do contato com o texto, que gostei muito pela forma como é escrito, eu e Newton chegamos ao nome da Christiane, que tem essa proposta de investigação, de rompimento da quarta parede, do não-limite entre público e palco. Essa proximidade que a Chris propõe faz com que eu não me sinta sozinho ali”, conta Moscovis sobre a diretora, com quem já encenou “Corte Seco” (2010).
Também é do feitio de Christiane que haja uma confusão dos limites entre ator e personagem, vida real e fazer teatral, dentro e fora de campo. Por isso o personagem de Moscovis não tem identidade e por isso também os locais por onde a peça passa são escolhidos a dedo.
“Os lugares são sempre galpões, salas ou outros espaços em que o público meio que se misture e sinta de perto a encenação. É um exercício de proximidade e de confissão de uma intimidade. Eu recebo as pessoas e vou contando tudo pra elas”, explica o ator, lembrando do efeito de luz que simula projeções. “São jogos de iluminação. A gente escolhe os lugares também buscando a possibilidade de mostrar o exterior de onde estamos, seja através de uma janela ou de uma porta”, diz.

Nas telas.
Afastado das telenovelas por opção desde “Alma Gêmea”, de 2005, Moscovis se prepara para voltar às gravações da segunda temporada da série “Questão de Família”, do GNT, e para estrear o longa “O Outro Lado do Paraíso”. Dirigido por André Ristum, o filme tem previsão de lançamento para este segundo semestre e conta a história de uma família do interior de Minas Gerais que tenta a sorte em Brasília e vê seu sonho de prosperidade ser destruído com a tomada do poder pelos militares em 64. O filme inclui um conjunto de imagens até hoje inéditas da tomada do Rio e de Brasília pelas Forças Armadas entre os dias 31 de março e 1° de abril, rodadas pelo cinegrafista Jean Manzon (1915- 1990).

Serviço:
O Livro.
Com Eduardo Moscovis.
Dir. Christiane Jatahy.
Funarte MG (r. Januária, 68, Floresta, 3213-7112). De 3 a 7/9. Quarta, quinta e sexta às 21h, sábado às 19h e às 21h, domingo às 19h. R$ 20 (inteira).

Fonte: Jornal Pampulha.
Wilson Faustino

Wilson Faustino 43 anos casado, cadeirante empreendedor, trabalho com marketing e vendas diretas e virtuais. Atuando também como afiliado em plataformas como Hotmart, Eduzz, Monetizze e Lomadee. Trago todo o meu conhecimento para ajudar aqueles que pretendem trabalhar do conforto da sua casa e conquistar a independência financeira e geográfica.

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