Trending

Acessibilidade nos estabelecimentos comerciais

Há cerca de dez anos, a preocupação com a acessibilidade tem redobrado no Brasil. Desde a implementação da Lei 10.098 e da NBR 9050 - que exigem e especificam a garantia de acesso em locais públicos e privados -, estabelecimentos comerciais precisam se adequar para receber todas as pessoas, principalmente, aquelas que têm deficiência.

Contudo, ainda há uma prerrogativa diante deste cenário. Oferecer acesso a todos vai além de, como, por exemplo, ter atendimento prioritário ou elevadores. É necessário também estar atento aos pequenos detalhes arquitetônicos e atitudinais para que um local seja acessível, seguro e inclusivo.

Segundo a arquiteta Renata Mello, com base no conceito de Desenho Universal, alguns aspectos práticos podem ser implantados nos estabelecimentos: entradas amplas, opções de rampas ou plataformas com níveis adequados, corredores mais largos e recursos visuais, facilitando o acesso. Entretanto, Renata aponta que, apesar das exigências, há muito a ser melhorado nesse segmento.

Então, como saber se o local garante acessibilidade? Dentro desse contexto, pessoas com deficiência se encontram numa incógnita. Uma delas é a professora de inglês, Laura Souto, que tem baixa visão e adora passear, mas se depara com algumas barreiras. "Sinto que há muita 'instabilidade' quando saio de casa, pois nunca sei o que vou encontrar", comenta Laura.

Assim como a professora de inglês, Paulo Vitor Ferreira, que faz uso de muletas por conta da deficiência física, costuma frequentar diversos estabelecimentos comerciais, porém também têm dificuldades quando o assunto é acessibilidade. "Nem todos os estabelecimentos que frequento garantem o acesso necessário para que eu tenha mais autonomia", relata Paulo.

Atualmente, para evitar tais problemas de acessibilidade e minimizar impasses, órgãos públicos vêm desempenhando um papel importante na fiscalização destes comércios, conscientizando sobre a relevância dos recursos acessíveis. Segundo Renata, a acessibilidade arquitetônica só passou a ser implantada pela imposição legal, efetivando as reformas de melhorias nos edifícios comerciais das cidades. "Acredito que a maior parte das transformações em acessibilidade estão sendo motivadas pelas multas e exigências dos órgãos públicos", explica a arquiteta.

A partir dessa fiscalização, aos poucos algumas mudanças para projetar as adaptações necessárias podem ser notadas. Para a arquiteta especializada em Desenho Universal, Silvana Gambiaghi, que tem deficiência física, a acessibilidade em estabelecimentos vem aumentando gradativamente. "Apesar de ainda se ver, como, por exemplo, a falta de comunicação para quem tem deficiência visual, grandes redes de lojas e restaurantes já contam com elevadores para o pavimento superior, provadores adequados e banheiros acessíveis", exemplifica Silvana, que completa: "assim a acessibilidade vai ganhando espaço e quando um comerciante coloca isso em prática, percebe como está melhorando a qualidade do seu local."

E foi o que o radialista Alan Mazzoleni, que é cadeirante, também percebeu. Frequentador de diferentes estabelecimentos comerciais, Alan garante que existem alguns lugares preparados para receber a todos. "Ainda está longe do ideal, mas, há locais que, além de seguirem a lei de acessibilidade, você percebe que o proprietário fez com prazer", completa Alan. 

Acessibilidade já!

Aos poucos, por meio de leis, normas e fiscalizações, bem como por consciência da importância de garantir o acesso, é possível perceber que estabelecimentos comerciais estão se adequando para levar serviços e lazer ao público de forma acessível e inclusiva.

Um bom exemplo é o restaurante New York Café, em Curitiba (PR), que foi projetado segundo os preceitos de arquitetura inclusiva. Atualmente, o estabelecimento garante total acessibilidade tanto arquitetônica quanto atitudinal. "Todo o espaço foi pensado de forma que a pessoa, principalmente com limitações de locomoção possa frequentar de forma autônoma. O acesso é utilizado por todas as pessoas, independente de ter ou não uma limitação. Contamos ainda com cardápio em braile para pessoas cegas, e ampliado para pessoas com baixa visão, que passa, por atualizações sempre que há mudança de preços ou itens. Além disso, procuramos capacitar todos os funcionários para atender da melhor forma pessoas com deficiência", conta a proprietária Diele Fernanda Santo, que também é especialista em Educação Especial e coordena um projeto de arte para crianças com deficiência visual no Paraná.

Com tal ascensão, outros estabelecimentos que também se destacam no quesito são os espaços culturais. Cinemas, teatros e museus aderiram à acessibilidade como serviço essencial para proporcionar entretenimento.

O Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo (SP), é um deles. Segundo a coordenadora do Setor Educativo e de Acessbilidade do MAM, Daina Leyton, o espaço garante o acesso de diversos públicos aos conteúdos das exposições sem barreiras físicas, sejam elas, físicas, sensoriais, intelectuais, comunicacionais e atitudinais. "Além da acessibilidade arquitetônica, com amplos espaços para circulação, banheiros adaptados e rampas, todas as atividades do MAM são viabilizadas por meio de dispositivos como: audioguias com linguagem descritiva para pessoas com deficiência visual, videoguias em Língua Brasileira de Sinais (Libras), cinema com legenda e audiodescrição, acervo tátil permanentemente exposto e intérpretes de Libras", explica Daina, que completa: "acessibilidade para nós não é apenas promover acesso ao que já existe, mas sim pensar e construir um espaço para todos".

Seguindo o mesmo caminho, o Itaú Cultural, em São Paulo, tem a preocupação de tornar-se cada vez mais acessível. Nos últimos anos, o espaço vem se adequando em cumprir a lei para ser um polo de inclusão. Desta forma, dentre as adaptações, reformas foram realizadas para aplicação de recursos arquitetônicos acessíveis. "O processo de adaptação começou por conta das leis. Porém, percebemos que essa mudança se transformou numa grande oportunidade de ter espaço público de fácil acesso. Assim, colocamos rampas, banheiros adaptados, ampliamos corredores, tudo pensando na autonomia e segurança dos visitantes", conta o superintendente administrativo do espaço, Sergio Miyazaki.

Já dentre as atividades inclusivas, o Itaú Cultural ainda oferece programa de atendimento à comunidade surda com intérprete de Libras e audioguia com legendas. Mas não para por aí. Atualmente, seu Núcleo Educativo planeja incluir todos os demais recursos de acessibilidade para pessoas com outras deficiência. Temos a preocupação de atender a todos, oferecendo atividades inclusivas. Hoje, temos um trabalho intenso com a comunidade surda, mas queremos aprofundar conhecimento e viabilizar ações para que todo o público possa conferir uma agenda completa cultural buscando saídas para possibilitar a inclusão de todos", completa a Coordenadora de Educação Cultural do espaço Itaú, Samara Ferreira.

Assim, com a mudança de se obter locais acessíveis, pode-se observar que, gradativamente, está se construindo uma sociedade mais inclusiva. "Mudar uma cultura social leva muito tempo. Mas noto que o tema da acessibilidade, nos dias de hoje, é um assunto mais familiarizado pela população em geral, o que contribuirá, sem dúvida, nesse processo de transformação dos estabelecimentos comerciais", finaliza Renata.


Fonte: Revista Incluir
Wilson Faustino

Wilson Faustino 43 anos casado, cadeirante empreendedor, trabalho com marketing e vendas diretas e virtuais. Atuando também como afiliado em plataformas como Hotmart, Eduzz, Monetizze e Lomadee. Trago todo o meu conhecimento para ajudar aqueles que pretendem trabalhar do conforto da sua casa e conquistar a independência financeira e geográfica.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
header ads
header ads
header ads