Em 2014, a Asid deve atender 19 escolas públicas em três estados brasileiros
Aos 20 anos, o empreendedor Alexandre Amorim decidiu buscar uma forma de contribuir com a educação de sua irmã mais nova, portadora de síndrome de Down. Em 2010, junto com outros colegas curitibanos, o empreendedor fundou a Asid (Associação Social para a Igualdade das Diferenças). O empreendimento atende escolas especiais com o objetivo de melhorar sua qualidade de ensino e aumentar o número de vagas disponíveis para novos alunos. Feliz em poder ajudar pessoas com deficiência, Alexandre diz ter seu sonho realizado a cada dia. Hoje, Laura Amorim tem 22 anos e faz parte da Apae de Curitiba. Na infância, a irmã de Alexandre teve dificuldades para se adaptar à escola e ficou três anos afastada das salas de aula.
Atualmente, a Asid conta com a dedicação de Amorim e mais dois amigos de faculdade e tem uma metodologia própria para avaliar a gestão das escolas. O IDEE (Índice de Desenvolvimento da Educação Especial) foi criado pelo sócio Diego Tutumi e mede o desempenho dessas instituições em diferentes aspectos relacionados à gestão. Ao todo, são analisadas oito macroáreas e mais de 100 índices correlatos.
Segundo Tutumi – economista formado pela Universidade Federal do Paraná, onde conheceu Amorim e Luiz Hamilton Ribas – “o índice fornece um raio-X das escolas especiais e tem por objetivo apontar quais aspectos podem ser melhorados na sua gestão”. A análise vai desde o ponto de vista financeiro até a área de infraestrutura, marketing e parcerias com o governo. Uma vez aplicada a pesquisa, a escola pode decidir executar um projeto de melhorias ou permanecer como está.
Caso a escola tenha interesse em colocar em prática um plano de ação, a Asid traça um projeto que é desenvolvido a custo zero para a entidade graças a parcerias com empresas privadas. Além de contribuir financeiramente para a realização dos projetos, essas empresas também participam das ações recrutando voluntários.
Atualmente, são dois os programas organizados pela Asid nesse contexto: um deles é o “Mão na Massa” e o outro o “Capacite”. No primeiro caso, os funcionários das empresas que financiam o projeto são convidados a ajudar na pintura das escolas, em pequenas reformas, na construção de banheiros adaptáveis e de hortas comunitárias, por exemplo. Já o “Capacite” foca na formação dos profissionais das escolas por meio do oferecimento de aulas e cursos gratuitos ministrados pelos voluntários das empresas. Outra fonte de renda da instituição é uma campanha promovida por restaurantes de Curitiba.
Com o dinheiro arrecadado, a Asid custeia o pagamento de seus funcionários, que no caso são os próprios fundadores, e a parceria com uma agência especialista em liderança – que dá suporte ao programa “Capacite”.
Até o momento, a instituição atendeu 18 escolas paranaenses, nas quais espera reaplicar o IDEE e continuar promovendo melhorias nos próximos anos. Para 2014, a meta é atender outras 19 escolas públicas especiais e estender a atuação da iniciativa para os estados de Santa Catarina e São Paulo.
Inspiração para novos negócios
Apesar de manter acordos com empresas privadas e receber indiretamente pela prestação de serviços às escolas, a Asid não pode ser considerada um negócio social. A instituição está registrada como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), o que lhe permite firmar parcerias com o governo e também estabelecer contratos com empresas. Seus membros recebem um salário que se caracteriza como pró-labore e não têm o direito legal de dividir os lucros gerados pela entidade. Seu status, em termos de organização, se assemelha ao que conhecemos como uma ONG. A Asid presta contas ao governo.
No futuro, os empreendedores consideram migrar para um modelo híbrido, que permita a divisão dos lucros gerados com o trabalho da equipe.
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