Quantos relatos de mergulhos mal dados vemos por aí? Pois é, Marcelo da Cunha, 44 anos, bateu a cabeça em um banco de areia ao saltar em uma cachoeira, aos 21 anos, no Rio de Janeiro. “Perdi os movimentos na hora, fraturei as C5 e C6”, lembrou. Com tratamento, Marcelo ganhou movimento nos braços, mas não nos dedos. Por isso, consegue comer e escovar os dentes sozinho com objetos adaptados; foi a pintura que o tirou da depressão e revolta por sua nova condição.
Veja a história que o Designer Gráfico contou ao site http://saude.terra.com.br/:
"Eu gostava de praticar esportes, participei duas vezes da São Silvestre e era desenhista gráfico. Sofri o acidente aos 21 anos em um mergulho em uma cachoeira de seis metros, no Rio de Janeiro, em 1991. Caí de cabeça no banco de areia e perdi os movimentos na hora. Fraturei a C5 e C6.
Inicialmente, coloquei tração e depois retornei ao Rio de Janeiro, onde fiquei sete meses internado na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR). Fiz cirurgias, passei pelo período traumático e fiz fisioterapia, mas não tive tanta melhoria como eu imaginava.
Logo depois da lesão perdi todos os movimentos do pescoço para baixo. Com o tratamento, ganhei movimento de braço, mas não tenho movimentos nos dedos nem na mão. Consigo comer e escovar os dentes sozinhos, mas tudo com objetos adaptados. Não consigo levantar da cama sozinho, dirigir e toda a minha vida é adaptada. Ficar tetraplégico foi bastante traumático, principalmente porque sempre tive dificuldade em depender das pessoas, não foi fácil. Tivemos que reaprender tudo.
Nos primeiros três anos veio a depressão, revolta e questionamentos. Foi a pintura que me ajudou, porque o que mais me deprimia era não ter vida produtiva e a arte permitiu isso. Graças à tecnologia, hoje eu utilizo computadores e existem cadeiras motorizadas que na época não existiam em grande oferta. Me casei aos 35 anos, é minha mulher quem me ajuda em tudo e tenho uma vida sexual normal. Sou escritor e palestrante, isso tudo auxilia na minha autoestima.
Levo a vida com otimismo, muita fé e acredito que é possível ser feliz mesmo com todas as limitações. É importante aceitar as limitações e adaptações, porque não consigo mesmo fazer as mesmas coisas de antes. Leio, escrevo, saio e viajo, tenho uma vida muito produtiva e faço exposições."
Por: Laura Marcon de Azevedo