Atualmente no Brasil quatorze por cento (14%) da população apresenta algum tipo de deficiência, segundo dados do IBGE. A partir deste índice podemos considerar o grande número de famílias que acabam sendo envolvidas na relação com a deficiência e suas repercussões afetivas e emocionais. O nascimento de uma criança com deficiência pode trazer uma série de conflitos no contexto familiar, entre mãe/criança, pai /criança, pai/mãe, e por conseqüência dificultar a relação mãe/criança.
Trabalho com deficientes e conheço algumas histórias comoventes sobre a descoberta na gestação de um filho deficiente. Mas,e quando essa dificuldade de aceitação parte da mãe ?
Quando a deficiência ocorre, a família inteira começa uma batalha adaptativa para recuperar o equilíbrio Muitas vezes, pela minha experiência, infelizmente, a falta de aceitação provém da figura paterna.. Embora somente um membro da família “possua” a deficiência, todos os membros da família são afetados e, até certo ponto, incapacitados por ela. O nascimento de uma criança deficiente pode ter um impacto tão intenso e de tão longo alcance nas outras pessoas, quanto na pessoa que se torna deficiente. Todos vivenciam o choque e o medo com relação ao evento ou ao reconhecimento da deficiência, bem como a dor e a ansiedade de se imaginar quais serão as implicações futuras, a dinâmica familiar fica fragilizada. Podem aparecer sentimentos como: a insegurança, o complexo de culpa, o medo do futuro, a rejeição e a revolta, pois percebem que, terão um longo e tortuoso caminho de combate à discriminação e ao isolamento.
Mas, uma coisa é certa a relação primária entre mãe / criança deficiente exercerá grande influência no futuro desta criança. Os primeiros contatos vão tornar-se o elo de ligação nesta nova relação, facilitando ou dificultando. A criança é capaz de perceber o clima que a recebe e há necessidade de lhe envolver em muito carinho, aconchego e amor.
Além da equoterapia, trabalho também na APAE Cotia e todos os dias, sem exceção, aprendo muito com eles, recebo muito carinho, mas, acho que essa relação que criei foi fundamentada em bases sólidas porque costumo agir com naturalidade ao me dirigir aos meus alunos deficientes e eles sentem isso. Trato com respeito e consideração. Se for uma criança, trato como criança. Se for adolescente, trato como adolescente. Se for uma pessoa adulta, trato como tal.
Não subestimo sua inteligência. As pessoas com deficiência mental levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais. Deficiência mental não deve ser confundida com doença mental.
As pessoas com deficiência mental, geralmente, são muito carinhosas. Um dia desses na APAE, recebi um envelope de uma aluna com deficiência intelectual severa, que aos 18 anos aprendeu a “copiar” o próprio nome. Ela veio toda tímida, entregou o tal envelope com o seu nome escrito e cheio de corações desenhados e saiu correndo. O envelope estava literalmente lacrado com cola, abri e dentro havia um texto de página inteira que dizia algo assim “ xjxkkmmkdjjfkkkkdkkdkkdkdkkkjekkmmmm”, a princípio imaginei o trabalho que deve ter dado escrever tudo aquilo…a chamei e para não demonstrar a minha parca ignorância sugeri se ela poderia ler o que estava escrito, justificando que gostaria de ouvi-la recitando o tal texto. Ela respondeu com um enorme sorriso nos lábios: “ …Ué !!! Eu te amo, professora !!!…”