Para cumprir a legislação, empresas ourinhenses com cem ou mais funcionários estão procurando a AADF (Associação de Assistência aos Deficientes físicos) em busca de estagiários portadores de deficiências físicas que estejam cursando o ensino médio ou superior.Para dar suporte, a entidade está fazendo o cadastro das pessoas que se encaixam nesse perfil.
Segundo a assistente social da AADF, Maria Inês Francisco, além de fazer o cadastro, a entidade elabora um currículo dando destaque às habilidades do candidato. “Também tento prepará-los para a vida profissional. Na verdade, as empresas estão fazendo isso para cumprir a legislação e poucas têm espaço físico ou acesso adequado aos deficientes. É por isso que temos poucos ‘cadeirantes’ no mercado de trabalho. Eles ainda enfrentam problemas de transporte”, disse.
Vagas para deficientes visuais são ainda mais difíceis em Ourinhos. A assistente social explica que, nesse caso, as empresas precisam de equipamentos especiais. “Desde o programa de computador, tudo tem que ser adaptado”, contou.
As vagas que estão surgindo se devem, segundo Maria Inês Francisco, a uma pressão que o governo vem fazendo em cima dos empresários para que legislação seja cumprida. A lei exige que as empresas com cem ou mais funcionários devem reservar 2% das vagas aos portadores de deficiências. A porcentagem aumenta proporcionalmente ao número de empregados.
Para a assistente social da AADF, o cumprimento da legislação tem apontado resultados positivos. “É uma oportunidade que estamos tendo para mostrar que somos capazes de desempenhar bem uma função. As pessoas que estamos encaminhando estão sendo bem aceitas. O índice de demissão tem sido baixo. Só é preciso que a função seja compatível à deficiência da pessoa”, disse.
Maria Inês explicou que os candidatos às vagas não são obrigados a fazer o cadastro na entidade. “Qualquer um pode se apresentar na empregadora, mas a AADF ajuda a colocar a pessoa numa função mais apropriada. Além disso, as empresas têm recorrido a nós na busca dessas facilidades”, disse.
Feliz — O frentista Murilo José de Oliveira Bueno, 20, é deficiente físico e usa cadeira de rodas para se locomover. Ele trabalha há 11 meses no posto de gasolina Vulcano, na rua Expedicionários. O emprego foi conseguido através da AADF. “O dono do posto entrou em contato com a entidade, que selecionou alguns candidatos à vaga. Fiz uma entrevista e fui contratado”, contou.
Murilo está satisfeito com a oportunidade. “Eu nunca tinha trabalhado antes. Gosto daqui porque acabei conhecendo muita gente e fazendo novas amizades”, disse. No posto, Murilo exerce quase todas as funções: “Abasteço, calibro os pneus, enfim, faço o que aparece”, comentou.
A animação do frentista vai longe. Ele já terminou o Ensino Médio e agora se prepara para prestar vestibular para a faculdade de Educação Física. “Pratiquei 10 anos de natação. Essa área tem muitas opções para deficientes”, afirmou.
Murilo só reclama da falta de rampas de acesso às calçadas e de transporte especial: “Só tem rampas no centro da cidade e o único ônibus adaptado para deficientes físicos só faz um trajeto”, contou.
Para ajudar, o pai do frentista se responsabiliza pela sua locomoção para o trabalho.