Driblar o adversário, atravessar a quadra e fazer uma cesta são ações comuns para quem joga basquete, mas fazer tudo isso em uma cadeira de rodas é um desafio e, ao mesmo tempo, uma forma de inclusão social para quem não pode mais contar com as pernas para praticar esportes. Para ver de perto esta superação é só acompanhar um dos treinos, do time Falcões do Oeste que está acontecendo no ginásio de esportes do Colégio Trilíngue Inovação todas as terças e quintas-feiras, às 20 horas. O mais interessante é que as regras são as mesmas usadas pelos jogadores convencionais, mas a agilidade demonstrada na quadra durante uma partida por estes atletas mostra toda garra e força de vontade que os acompanha.
O time Falcões do Oeste, de basquete para cadeirantes, surgiu em Chapecó em 2007, numa iniciativa do atleta Moacir Rauber, que já havia praticado o basquete sobre rodas na equipe Aflodef de Florianópolis. Entre as conquistas estão seis títulos de campeão, três vice-campeonatos, sete terceiros lugares e um cestinha de competição, conquistado em 2008 pelo atleta Ademir Moro, durante o 3º Festival Regional de Basquete de Cadeirantes, em Carazinho (RS). Nos últimos meses, porém, a equipe havia encerrado os treinamentos que estão sendo resgatados agora. Para que esse projeto se torne realidade, empresários resolveram abraçar a causa, e trazer a equipe de volta para as quadras de competição.
O Colégio Trilíngue Inovação, também faz parte do grupo idealizador desse sonho. Atuando periodicamente na contribuição para treinos da equipe, a instituição quer mais que apenas mantê-los nos treinos. A partir desta iniciativa, busca-se agora atrair mais cadeirantes para aumentar a equipe e mais parcerias para manter e melhorar a qualidade de vida desses atletas.
O treinador da equipe, professor Marco Crespo lembra que além de disponibilizar a quadra para os treinos, o colégio disponibiliza instalações ideais, uma vez que toda a estrutura foi concebida respeitando os critérios de acessibilidade, o que permite que pessoas portadoras de necessidades especiais frequentem os mesmos locais que pessoas que não possuem essas necessidades. “No Trilíngue, os cadeirantes tem acesso a qualquer espaço, porque há rampas de acesso em todas as áreas. Além disso, os banheiros são adaptados e há elevadores nos três blocos evitando o transtorno das escadas”, assegura.
Ainda de acordo com Crespo, no oeste de Santa Catarina há um grande número de cadeirantes que na sua maioria não praticam uma atividade física. Ainda hoje, pouco se conhece a respeito da integração e inserção das pessoas portadoras de necessidades especiais e das grandes dificuldades sociais e econômicas enfrentadas por elas. O que é notório, nos vários segmentos da sociedade brasileira, é a falta de inserção desta população. As barreiras encontradas pela maioria destas pessoas iniciam-se nas próprias residências e se estendem nas vias públicas, áreas educacionais, práticas esportivas, entre outras.
De acordo com a gestora do colégio, Ms. Gislaine Baez, “é extremamente importante o envolvimento da sociedade para colaborar com os Falcões do Oeste que agora tem que lutar para manter a chama acesa. Essa responsabilidade também é nossa”. A gestora salienta ainda que o resgate desse projeto pode estar viabilizando muitos sonhos esquecidos dos atletas, além de estar dando a chance de muitos cadeirantes explorarem a força de vontade, conquistar espaço e quiçá vitórias.
“Existem pessoas portadoras de necessidades especiais que estão plenamente adaptadas e integradas ao meio social, mas isso ainda é pouco. Todos os indivíduos portadores ou não dessas necessidades devem ter a chance de desenvolver suas habilidades, integrados em suas comunidades e serem reconhecidos pelo que fazem de melhor. A nossa luta, portanto, é por uma sociedade mais justa, solidária e que valorize a diversidade”, finaliza a gestora.
Na tentativa de colaborar com esta causa e assegurar a acessibilidade dos cadeirantes, tornado-os mais ativos na sociedade, o Colégio Trilíngue Inovação empenha-se em procurar e solicitar ajuda a todos que forem sensíveis a esta causa. Se você é um cadeirante ou conhece algum, entre em contato pelo fone (49) 3322-4422. Empresas ou pessoas físicas também estão convidadas a contribuir para o crescimento deste esporte no oeste. Para mais informações, os interessados podem dirigir-se ao Colégio e assistir aos treinos da equipe. O endereço é: Rua Mato Grosso, 420E, Bairro Jardim Itália, Chapecó.