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Espasticidade: é bom ou ruim?

Condição afeta indiretamente os músculos e pode causar dor e deformações se não tratada adequadamente

A espasticidade é resultado de uma lesão em partes específicas do sistema nervoso central (cérebro ou medula espinhal), responsável pelo controle do tônus muscular. As causas podem ser diversas: acidente vascular cerebral, lesões medulares, traumatismo craniano, paralisia cerebral e esclerose múltipla, entre outras.
Essa condição é caracterizada por uma alteração no controle muscular, diferenciada principalmente por um aumento da resistência: os músculos ficam rígidos e tensos, podendo levar à incapacidade de controlá-los. “Os sintomas podem aparecer depois de uma fraqueza inicial. Um exemplo são os pacientes que ficam com o braço fraco após algum acontecimento e depois percebem um endurecimento do membro. Ainda que haja recuperação da força, há um aumento importante do tônus, um enrijecimento”, explica o Dr. Alexandre Ottoni Kaup, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Além disso, os reflexos podem persistir por muito tempo e apresentarem-se de forma intensa (chamados de reflexos hiperativos). “Todo mundo tem um grau de tensão muscular mesmo em repouso ou dormindo. Quando esse grau está aumentado e é velocidade-dependente, temos um quadro de espasticidade. Quando não é velocidade-dependente, não se caracteriza a espasticidade e o quadro é de rigidez extrapiramidal”, ressalta o Dr. Cícero José Nunes Vaz, fisiatra do Einstein.
Exercícios físicos, fisioterapia, hidroterapia, terapia ocupacional, utilização de órteses, estimulação elétrica funcional, prescrição de medicamentos e aplicação de substâncias como o fenol ou a toxina botulínica fazem parte das principais ferramentas que podem ser utilizadas no tratamento da espasticidade.
De acordo com dados internacionais, a doença acomete de 13% a 20% dos pacientes com traumatismo cranioencefálico; de 20% a 30% daqueles com acidente vascular cerebral; de 60% a 78% dos pacientes com traumatismo raquimedular; e de 70% a 80% dos indivíduos com paralisia cerebral. Por ter um caráter multifatorial, a condição pode acometer pacientes em todas as faixas etárias e atingir igualmente ambos os sexos.
A condição pode ser incapacitante se não tratada. Inicialmente, dificulta o posicionamento confortável do indivíduo, prejudica as tarefas de vida diária como alimentação, locomoção e cuidados de higiene. Além de prejudicar a qualidade de vida, a doença pode evoluir para contraturas, luxações, dor e deformidades. Por isso, o tratamento é tão importante.
Diagnóstico e opções de tratamento
A abordagem começa com o histórico do paciente, ou seja, na definição da causa. O diagnóstico é realizado por meio de um exame clínico e os especialistas utilizam a Escala Modificada de Ashworth para classificar os cinco diferentes graus da doença, que varia do tônus normal (índice zero) à rigidez (índice quatro).
Somente a partir dessa avaliação o especialista poderá definir qual a melhor terapêutica para cada caso. “O tratamento é como uma escada de decisões e indicações de condutas: o primeiro degrau é tirar os fatores precipitantes, aquilo que piora ou aumenta a espasticidade. Depois disso, é preciso tratar a dor. Se não for suficiente, a opção seguinte é o exercício terapêutico”, indica o Dr. Cícero.
Esses exercícios, chamados de cinesioterapia, reduzem a espasticidade e podem ser feitos em diferentes ambientes: na água, em um ginásio de fisioterapia ou por meio de terapia ocupacional. São inúmeros e indicados de acordo com o local afetado e com o grau de rigidez presente.
Num próximo passo, é possível acrescentar a utilização de um aparelho chamado FES, sigla em inglês para estimulação elétrica funcional. Por meio de impulsos elétricos, o aparelho faz com que os músculos se movam artificialmente. Com o passar do tempo, a espasticidade pode diminuir e ser controlada.
Outra opção é a utilização de órteses, semelhantes a dispositivos ortopédicos que posicionam corretamente o indivíduo a fim de inibir a tensão muscular. São confeccionadas com materiais específicos e ajudam a colocar o membro afetado (perna, mão, braço) na posição ideal. De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, as órteses podem ser indicadas em todas as fases do processo de reabilitação e o uso adequado reduz o risco de complicações e a necessidade de intervenções cirúrgicas.
Os especialistas podem também lançar mão de medicamentos utilizados para o relaxamento muscular ou, ainda, de um procedimento relativamente moderno: a aplicação de toxina botulínica. “Ela é aplicada nos feixes dos músculos que estão sofrendo, pois é preciso tornar esse grupamento mais fraco, já que ele está contraído o tempo todo”, esclarece o Dr. Alexandre. A medicação pode ser aplicada em qualquer parte do corpo e começa a agir a partir do quinto dia. No entanto, não é permanente e pode durar de quatro a seis meses dentro dos segmentos injetados. “É importante que o médico saiba selecionar os músculos da aplicação porque alguns deles estão ajudando na reabilitação e outros não”, destaca Dr. Cícero.
A toxina botulínica pode ser utilizada enquanto for necessária, desde que respeitadas pausas mínimas de três meses. “O objetivo não é fazer com que aquele membro volte a se mexer sozinho. O principal objetivo é facilitar o processo de reabilitação, melhorando a rigidez. Fazer só a aplicação não é garantia de sucesso, deve-se continuar com a reabilitação”, reforça o Dr. Alexandre.
Além da toxina botulínica, pode ser usado também o fenol, um tipo de álcool aplicado no nervo do músculo afetado. Contudo, essa substância também tem limitações, não podendo ser aplicada em todos os nervos, mesmo que não haja um intervalo mínimo entre as aplicações.
Em casos mais graves os especialistas podem optar por procedimentos cirúrgicos, indicados apenas quando todas as demais tentativas não surtiram efeito. As mais comuns são realizadas nos músculos e tendões lesionados, ou seja, são específicos para o problema apresentado e indicados de forma individualizada para cada paciente.
Embora sejam várias as opções disponíveis, os especialistas são unânimes em ressaltar a importância da aderência ao tratamento e do caráter multidisciplinar. “É importante manter a reabilitação e olhar para ela como uma necessidade de tratamento para o resto da vida”, aconselha o Dr. Alexandre.

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Créditos: Divulgação   Sociedade Beneficente Israelita Brasileira

Wilson Faustino

Wilson Faustino 43 anos casado, cadeirante empreendedor, trabalho com marketing e vendas diretas e virtuais. Atuando também como afiliado em plataformas como Hotmart, Eduzz, Monetizze e Lomadee. Trago todo o meu conhecimento para ajudar aqueles que pretendem trabalhar do conforto da sua casa e conquistar a independência financeira e geográfica.

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