Josiele Lima dribla desafios da deficiência para dar curso de formação. Turma foi formada há seis meses e utiliza livros e material em braile.
As aulas
Durante as aulas, os estudantes que possuem deficiência utilizam livros em braile e os que têm baixa visão utilizam o material ampliado. As correções das lições são feitas por e-mail e a expectativa é de que eles façam um módulo por semestre.
Para quem frequenta as aulas, essa é uma oportunidade de ampliar os conhecimentos e agregar valor ao currículo, como disse o estudante João Gabriel Lopes do Val. “Aprender inglês vai abrir mais portas na minha vida. Vou ter uma vantagem no mercado de trabalho para quem não fala inglês”, disse.
Quem também acredita nisso é a doceira Giane Cancian, de 38 anos. Ela confessa que antes não tinha tido vontade de cursar inglês. “Eu tinha uma resistência muito grande por causa do inglês da escola regular, mas agora, com uma turma específica, estou me sentindo muito a vontade e aprendendo rápido também”, pontuou.
Trajetória
As oportunidades nem sempre surgiram facilmente na vida de Josiele. Na infância, ela frequentou a AADV para ser alfabetizada em braile e a partir dos sete anos, entrou na escola regular. Em seguida, conseguiu uma bolsa de estudos de 100% na universidade, onde fez Letras. Para isso, precisava viajar diariamente cerca de 40 km, de Poços de Caldas a São João da Boa Vista (SP), onde fica o campus.
Prova disso é que a contrapartida para estudar na universidade era integrar um projeto de inclusão, onde ministrava aulas de braile e computação para deficientes visuais e também para pessoas que enxergam.
Atualmente, ela mora com os pais, vai até o trabalho de ônibus e pratica diferentes atividades, além de se preparar para cursar pós-graduação em educação especial. “Eu costumo brincar que a única coisa que nós, deficientes visuais, não podemos fazer é dirigir, o restante, tudo é possível”, disse.
Por isso, Josi incentiva as pessoas a ‘enxergarem’ para além dos preconceitos e a lutarem pelo que desejam. “Se eu puder dizer algo para alguém, diria para que não fiquem trancafiados em casa, valorizando apenas os problemas e achando que a vida acabou. Tem que dar a volta por cima e ir à luta”, finalizou.
Fonte: Jéssica Balbino Do G1 Sul de Minas