Alguns peixes como salmão, truta e atum contém grande quantidade de tipos de gorduras poli-insaturadas conhecidas como ômega-3. Estas substâncias apresentam propriedades anti-inflamatórias e a sua ingestão, tanto na forma natural nos peixes, quanto como na forma de suplemento em cápsulas, já é, a algum tempo, recomendada para prevenção de várias doenças, incluindo diabete, doença cardíaca e derrame (acidente vascular cerebral – AVC).
Esta reputação do Omega-3 de produzir benefícios à saúde está, no entanto, sendo questionada a partir de resultados de um novo estudo cientifico publicado online no último dia 10 de julho na revista médica Journal of the National Cancer Institute. Os pesquisadores demonstraram que ingerir grande quantidade de ômega-3, o que leva a um aumento da sua concentração no sangue, está associado a um aumento do risco dos homens desenvolverem câncer de próstata, e também a uma maior agressividade destes cânceres.
Os números são realmente contundentes. Os homens com as maiores concentrações de ômega-3 no sangue apresentaram um risco 43% maior de desenvolver câncer de próstata de qualquer tipo, quando comparados aos homens com as menores concentrações. Quando foram avaliados somente os tumores de próstata mais agressivos, o risco foi 71% maior nos homens com maior concentração sanguínea de ômega-3.
Este tipo de estudo não permite que seja estabelecida uma relação causa-efeito. Ou seja, não podemos afirmar, baseados nestes resultados, que o aumento do risco de câncer de próstata é causado pelo aumento das concentrações de ômega-3 no sangue. Existe somente uma associação entre estes dois fatos. Conclusões definitivas devem ser evitadas e estes dados devem servir como importantes levantadores de novas hipóteses para estudos futuros.
Por sua vez, a partir destes resultados, a indicação formal para a ingestão de grandes quantidades de óleo de peixe deve ser colocada sob certa cautela, principalmente em homens.
- - Fonte: Journal of the National Cancer Institute