Calça que se transforma em saia e calça jeans com elástico e velcro são algumas das peças criadas pelas grifes Lado B Moda Inclusiva e Lira, exclusivamente para pessoas com deficiência física.
Segundo as estilistas que criam as peças, um cadeirante precisa de roupas com tecidos mais confortáveis e com opções de abertura e fechamento mais práticas por causa da sua limitação de movimento.
O levantamento aponta, ainda, que 3,6 milhões têm deficiência motora e 1,7 milhão sofre de deficiência auditiva.De acordo com o censo demográfico de 2010, feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 45,6 milhões de brasileiros declararam possuir pelo menos uma das deficiências investigadas na pesquisa –mental, motora, visual e auditiva.
Com sede em Sorocaba (99 km a oeste de São Paulo), a Lado B Moda Inclusiva é um projeto da fisioterapeuta Dariene Rodrigues, 35, que lançou a loja virtual em julho.
Com a experiência de 14 anos de profissão, ela percebeu que havia uma demanda forte nesse setor. "Sempre ouvi meus pacientes falando sobre a dificuldade de encontrar uma roupa", diz ela.
Rodrigues investiu R$ 40 mil no projeto, que incluiu a contratação de uma agência de publicidade (para desenvolver a marca), de um webdesigner (para criar a loja virtual), a entrada no pedido patente dos produtos e gastos com a parte de confecção de uma forma geral.
A produção é totalmente terceirizada, desde o corte de roupas até a lavagem.
Desde julho, a grife já vendeu 30 peças. Atualmente, a Lado B Moda Inclusiva comercializa suas peças exclusivamente pela internet.
Em outubro ela vai oferecer os produtos para representantes comerciais de empresas do ramo da medicina e ortopedia.
As duas começaram a trabalhar juntas no curso Têxtil e Moda da USP (Universidade de São Paulo) e foram finalistas (4º lugar) do Bezgraniz Couture Award 2012, concurso internacional de moda inclusiva, realizado em Moscou (Rússia).A Lira, na capital paulista, foi fundada pelas amigas Julia Sato, 26, e Inaye Brito, 25, em 2010.
O site será lançado até o final do ano e uma das atrações é a coleção premiada em Moscou, de nome Asas do Brasil, que homenageia espécies de aves, como arara, tucano e sabiá.
Elaborada para mulheres cadeirantes, a coleção apresenta roupas versáteis, podendo ser utilizadas em festas, no trabalho e no lazer.
Os preços variam de R$ 70 a R$ 300. Um vestido, por exemplo, possui cinto elástico que ajusta a cintura na posição desejada.
Mercado em expansão
A coordenadora do Concurso de Moda Inclusiva, promovido pela Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, Daniela Auler, afirma que o mercado de produtos para pessoas com deficiência está crescendo e que artigos diferenciados são importantes.
Segundo a Auler, a moda muda bastante e esses consumidores estão atentos. "Um detalhe diferente na roupa, como um botão de ímã, por exemplo, facilita a vida o consumidor", diz ela.
Plano de logística é fundamental
Para a gestora do projeto Sebrae Mais Acessível, Ana Paula Peguim, do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo), é preciso planejar o negócio.
Segundo Peguim, se decidir pelo negócio na internet, o empreendedor deve fazer uma pequisa de mercado para saber quem é o seu consumidor e o seu gosto antes de abrir a empresa.
Outra dica é planejar o pós-venda, principalmente o prazo de entrega e a forma de pagamento. "A logística é fundamental na internet. Não adianta fazer a venda e o cliente não receber o produto no prazo combinado", afirma ela.
Se decidir por uma loja tradicional, é importante saber se o local tem rampa de acesso, elevador, provador acessível e atendimento qualificado.
Segmentação requer cuidados
De acordo com Ana Maria Peguim, a segmentação requer cuidados. Conhecer o poder de compra, o gosto e as necessidades dos clientes são medidas importantes para evitar prejuízos e frustração.
Segundo Peguim, o empreendedor deve saber que a roupa é um item importante para a pessoa com deficiência. "É que a roupa mexe com sua auto estima", diz a gestora do Sebrae.
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Moda Inclusiva