Cadeirante há nove anos, Vitória resolveu denunciar, em julho, problema vivenciado em cinema de Porto Alegre | Foto: Ramiro
A psicóloga Vitória Bernardes chegou nesta terça-feira (18) na reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Porto Alegre se desculpando. “Me atrasei porque todas as vagas de estacionamento para cadeirantes estavam ocupadas. Uma delas, inclusive, por uma pessoa que não era cadeirante”. Vitória foi até a Câmara para falar sobre o caso, ocorrido em julho, em que não conseguiu assistir a um filme no cinema por andar de cadeira de rodas.
Na ocasião, Vitória pediu que fosse levada até os degraus mais altos do Cinemark do Bourbon Ipiranga, em Porto Alegre, já que o espaço para pessoas com deficiência era muito próximo da tela, mas ouviu do gerente que o cinema só possuía estrutura para pessoas “normais”. O cinema pediu desculpas à cadeirante pelo ocorrido.
Vitória decidiu publicar um depoimento em sua página no Facebook e o caso ganhou repercussão. Nesta terça, ela fez o mesmo relato para os vereadores. “Percebo uma inversão de valores, uma vez que casos como este não são isolados e são tidos pelo senso comum como naturais. Muitas são as barreiras, mas estou fazendo a minha parte para que isso não se repita”, disse Vitória.
Com a reunião, Vitória formalizou uma denúncia, que será encaminhada ao Ministério Público e às comissões municipal e estadual das Pessoas com Deficiência. A presidente da Comissão de Direitos Humanos, informou que pedirá esclarecimentos da direção do cinema e da Secretaria Municipal de Indústria e Cultura (Smic).
O secretário municipal de Acessibilidade, Paulo Brum, participou da reunião e informou que técnicos da secretaria visitaram o local e atestaram que a sala de exibição não oferece condições de acessibilidade. “Todos os espaços do shopping contemplam os cadeirantes, mas as oitos salas de cinema nao têm a mínima condição de garantir qualidade aos cadeirantes”, disse o secretário.
Vitória participou de audiência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Porto Alegre nesta terça | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O arquiteto da secretaria de Acessibilidade, Werner Neubert, destacou que, enquanto a Secretaria de Acessibilidade fiscaliza e orienta os proprietários para se adequarem à legislação vigente, cabe à Smic a aplicação de autuações.
O Secretario da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders), Claudio Silva, também participou da reunião e relatou que já estava pressionando o MP e as comissões para que fossem tomadas providências.
Após o incidente, Vitória entrou com pedido de indenização na Justiça. “É um valor baixo, mas o que se quer é pressionar que a acessibilidade seja garantida naquele lugar. Não é uma questão de assistencialismo, é uma questão de respeito ao ser humano”, completou.
Fonte: sul21