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AAPSA promove fórum de inclusão e diversidade


Auditório da Reatech, onde foi realizado o fórum. Na sala estão várias pessoas sentadas durante uma das palestras do evento.
Foto: Divulgação
Mais de cem pessoas participaram do III Fórum de Inclusão e Diversidade, realizado pela AAPSA, no último dia 10 de abril, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. O evento fez parte da programação da 14ª edição da Reatech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade.

O fórum reuniu profissionais de grandes empresas como a BASF, Grupo Pão de Açúcar, Dow, Txai Consultoria e Educação, Google que discorreram sobre as ações bem sucedidas que desenvolvem para a inclusão de jovens, mulheres, idosos e pessoas com deficiência em seu quadro de colaboradores.

Marca consolidada da AAPSA, o Fórum trouxe para debate um tema tão atual e urgente sobre a inclusão social e a valorização da diversidade, pois, são muitos os entraves que dificultam a fluência dele nas organizações. Com a missão de fomentar o desenvolvimento corporativo e de pessoas, a AAPSA entende que o debate é relevante e necessário, mas, ainda produz eco dentro das empresas e precisa ser ampliado.

Diversos somos todos. A partir desse conceito o diretor presidente da Txai Consultoria e Educação, Reinaldo Bulgarelli, proferiu a palestra de abertura do fórum da diversidade. Para Bulgarelli o mundo passa por um convite à reinvenção, o que não permite ter uma equipe monótona dentro das empresas e muitas começam a perceber que no mercado existe um público consumidor e que há fornecedores e uma relação que deve considerar a pessoa com deficiência. Se a resistência em contratar pessoas com deficiência é pelo medo da ineficiência deles, Bulgarelli acrescenta: “as empresas têm medo de fazer pesquisa, porque se elas pesquisassem e cumprissem a lei de cotas, elas veriam que a produtividade aumenta e cai o absenteísmo”.

Bulgarelli destacou que num momento em que há varias organizações dando as costas para o tema da diversidade, a AAPSA vem fazendo a diferença ao trazer o assunto para a arena do debate. “Gestão de gente é gestão da diversidade e gestão da diversidade é gestão de gente”, afirma Bulgarelli.

Flavia Pontes, gerente corporativo de desenvolvimento organizacional do Grupo Pão de Açúcar, discorreu sobre as ações bem sucedidas do GPA, voltadas para mulheres, jovens talentos e pessoas com deficiência. Falou do sucesso das ações inclusivas do Assaí Atacadista e a parceria com a APAE para contratação de profissionais. Segundo Flávia, nos cinco negócios do GPA o tema da diversidade está presente desde o chão de loja até os altos escalões da empresa e são desenvolvidos projetos específicos para inclusão de cada um dos públicos. Pontes acrescentou que o grupo é pioneiro tanto no Brasil quanto na França em desenvolver projetos de captação de mão de obra nas classes minoritárias e que a postura do grupo vai além do cumprimento da legislação, supera a esfera do jovem, das mulheres e da pessoa com deficiência. Na opinião de Flávia o que falta às empresas é a conscientização dos gestores de que esse público traz consigo valor agregado. “Na nossa experiência como Grupo, é muito importante conscientizar o gestor que isso é uma vantagem competitiva. Ter a diversidade, seja ela de gênero, de pessoas com deficiência, é uma vantagem para o negócio, porque o diferente agrega valor.” Ela avalia como excelente a iniciativa da AAPSA em discutir temas tão importantes como a comunicação e a inclusão, o que reverte em projetos diferenciados para conseguir garantir um ambiente mais inclusivo. “A diversidade é o que nos faz únicos”, acrescenta.

Há mais de 20 anos a BASF emprega pessoas com deficiência e por causa da legislação essas ações se intensificaram, afirma Guilherme Bara, gerente de diversidade e inclusão da Basf para a América Latina. Segundo Bara a empresa percebeu que as ações deveriam ser estruturadas e focou em quatro pilares: a Acessibilidade Física e Arquitetônica; a Acessibilidade Atitudinal, com a liderança e colaboradores; a questão da Informação, para descobrir até onde a deficiência limita e que ferramentas utilizar para viabilizar essa inclusão e, por último, a Educação, para identificar talentos, pessoas com preparo acadêmico.

Guilherme, que tem deficiência visual, sentiu na pele o peso da diferença e encontrou dificuldades desde as primeiras tentativas de começar a carreira como estagiário. Ele percebeu que apesar da existência da lei de cotas ela não era colocada em prática, nem fiscalizada, e comenta que nas entrevistas os selecionadores gostavam de seu perfil, porém, não sabiam lidar com ele por causa de sua deficiência e o excluíam do processo seletivo. Para ele, todos os dias há um desafio diferente para a pessoa com deficiência e, aos que pretendem começar carreira profissional, aconselha: é preciso autoconhecimento, saber o que quer, para não cair na armadilha de focar tudo na deficiência e já chegar derrotado no processo seletivo. “O selecionador, a primeira coisa que ele vai ver, normalmente, é a deficiência, mas, cabe ao candidato saber mostrar que ele vai além da deficiência”, acrescenta Guilherme.

Daniela Marques Grelin, gerente de comunicação corporativa da Dow, abordou os Princípios de Empoderamento das Mulheres, elaborados pela ONU Mulheres, que ajudam as empresas a incorporar valores e práticas que promovem a igualdade de gênero.

Daniela participou pela primeira vez do Fórum de Inclusão e Diversidade e o qualificou como “extremamente crítico” e interessante às empresas. Segundo ela, há certa imaturidade ou despreparo em boa parte dos gestores para integrar a mão de obra dos diversos grupos. “As empresas que conseguem não só incluir a diversidade nas estatísticas, mas, promover uma cultura interna que de fato valorize as contribuições únicas dos diversos grupos de diversidade inovam e crescem mais, além de criar um ambiente interno que faz com que as pessoas sintam que o trabalho é um território de desenvolvimento profissional, mas, acima de tudo, um espaço de desenvolvimento humano. Ter condições iguais de acesso não significa ignorar as diferenças”, acrescenta.

O fórum foi classificado como excelente pelos palestrantes e pelos participantes. Marli Santos, gestora de desenvolvimento organizacional do Grupo GPS ressaltou a importância do apoio que a AAPSA dá às empresas ainda incipientes, ao trocar experiências e trazer conhecimento para sanar as dúvidas dos gestores e ampliar as ações inclusivas, não apenas para que elas cumpram a lei, mas, pela questão social.

A pesquisadora da Unicamp e terapeuta ocupacional, Elen Sena, participou pela primeira vez do evento e definiu como “incrível e excelente” a iniciativa da AAPSA. Na sua opinião, o fato de reunir palestrantes de empresas diversas, com experiências diferentes, permite que os participantes se atualizem ao se deparar com o que tem de novo no mercado de trabalho, além de configurar uma força política que age dentro das empresas gerando uma nova visão.

Em sua terceira edição, o Fórum de Inclusão e Diversidade superou as expectativas em termos de público e qualidade. Isso mostra que ele se aprimora e conquista espaço nas organizações e a AAPSA acentua sua posição em defesa da diversidade, colocando em prática ações qualificadas que despertam o interesse pelo conhecimento das camadas minoritárias da sociedade. Lidar com o preconceito, com a resistência dos gestores em buscar informação, fazer com que o discurso vá da teoria à prática, são os desafios apontados pelo diretor vice-presidente de Educação Corporativa e Eventos da AAPSA, Luciano Amato, que se mostrou empolgado com crescimento e os resultados positivos do evento que, num clima bastante descontraído, foi encerrado com o sorteio de brindes para os participantes.

“Ter uma limitação física, intelectual ou até mesmo sensorial não é ser incapaz de produzir. Cumprir a legislação é fundamental, mas, é preciso ir além. É preciso incorporar a cultura do diferente, valorizar a diversidade, acolher as minorias com respeito e permitir que todos mostrem seu potencial”, ressalta Amato.

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