A cadeirante Katya Hemelrijk, que teve que se arrastar para conseguir embarcar em um voo no Aeroporto de Foz de Iguaçu, disse nesta quarta-feira (3) que não é a primeira vez que precisa subir em uma aeronave desta forma. “Em 2008, aqui em São Paulo, tive que me arrastar também. Imagina, eu indo para minha lua de mel e tendo que passar por isso.”
Ela postou um desabafo nas redes sociais nesta segunda-feira (1º) depois que chegou ao destino – ela desembarcou na capital paulista – e disse, em conversa com o G1, que seu objetivo é melhorar o atendimento a pessoas com deficiência no país.
Katya contou que a Gol, empresa aérea responsável pelo voo, entrou em contato com ela por telefone após o desembarque. “Deixei claro desde o começo que não queria nada deles, que dinheiro, passagem de graça, nada resolve o meu problema. O que eu quero é que eles saibam atender, que precisam melhorar a estrutura”, contou.
A coordenadora de comunicação de 38 anos registrou a reclamação em uma rede social. Ela falou sobre os problemas nos equipamentos stair trac e ambulift – utilizados para o transporte de deficientes até o interior dos aviões.
Apesar da responsável pelo voo ser a Gol, ela não isenta a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), responsável pela administração do aeroporto. “A primeira opção pra embarcar o cadeirante é o ambulift, que é de responsabilidade do aeroporto. E lá eles não tinham nenhum. A stair trac da Gol estava descarregada, mas tinha que ter ambulift”, reclama Katya.
Dificuldades
Katya conta que descobriu que teria problemas no momento do check-in. “Eu escutei dois rapazes conversando pelo rádio, dizendo que a stair trac estava desligada, e já fiquei preocupada”, disse
Katya conta que descobriu que teria problemas no momento do check-in. “Eu escutei dois rapazes conversando pelo rádio, dizendo que a stair trac estava desligada, e já fiquei preocupada”, disse
“Na hora de embarcar, a mulher falou que o gerente queria conversar comigo. Ele me deu três alternativas: ou eles me subiam no braço, ou me levavam na própria cadeira, com dois me carregando, ou eu teria que esperar o próximo voo, que daria tempo de carregar o aparelho”, contou. Ela então negou as três.
Katya optou por se arrastar pela escada por ser o método mais seguro. “Se fosse para alguém me carregar, seria meu marido, mas mesmo assim não é a solução ideal. A escada estava escorregadia com o sereno. E como eu tenho esse problema dos ‘ossos de vidro’, qualquer forma que me peguem, uma forma mais bruta, acaba me machucando”, completou.
Com mais de 200 fraturas ao longo da vida, Katya diz que leva uma vida normal, mas não nega as dificuldades. “Eu tenho carro, dirijo, vou e volto para o trabalho sem problema nenhum. Meus melhores amigos são os manobristas, seguranças, eles me ajudam sempre a descer do carro”, brinca. “Mas é claro que têm os problemas, que são muitos. O Brasil tem muito para se desenvolver ainda pra chegar perto do que é lá fora”, diz
“Lá fora”, Katya diz que o tratamento a cadeirantes é “muito superior”. Em viagem à Europa, até pequenos aviões surpreenderam no atendimento. “Eles te ouvem, o treinamento é outro, a cultura é outra. Não tive problema nenhum, nem em teco teco de 10 euros. Eles superam de longe as expectativas em relação ao Brasil”, finaliza.
Melhorias
Em nota, a Gol diz lamentar o ocorrido e informou que o stair trac da base de Foz de Iguaçu não estava disponível para uso na manhã de segunda-feira e, por isso, não pôde ser utilizado durante o embarque do voo 1076. “A companhia tentou com as demais empresas conseguir o equipamento, o que também não foi possível, e ofereceu outras alternativas para a cliente, que optou por seguir sem a ajuda dos colaboradores da companhia”, destacou ao dizer ainda que “tomará as medidas necessárias para evitar que casos como este volte a acontecer.”
Em nota, a Gol diz lamentar o ocorrido e informou que o stair trac da base de Foz de Iguaçu não estava disponível para uso na manhã de segunda-feira e, por isso, não pôde ser utilizado durante o embarque do voo 1076. “A companhia tentou com as demais empresas conseguir o equipamento, o que também não foi possível, e ofereceu outras alternativas para a cliente, que optou por seguir sem a ajuda dos colaboradores da companhia”, destacou ao dizer ainda que “tomará as medidas necessárias para evitar que casos como este volte a acontecer.”
Já a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), responsável pela administração do aeroporto de Foz do Iguaçu, observou que todas as obras feitas no terminal de passageiros recentemente foram executadas com base em requisitos de acessibilidade e que os procedimentos de embarque e desembarque de passageiros são de responsabilidade das empresas aéreas, “podendo a Infraero oferecer suporte de infraestrutura quando necessário”.
A assessoria de imprensa da estatal adiantou ainda que a resolução 280/2013 da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determina que a partir de 2015 a administração dos aeroportos deverá oferecer o equipamento para embarque e desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. “No momento não há previsão de instalação de pontes de embarque no aeroporto de Foz do Iguaçu. Entretanto, foi concluído o processo de aquisição de 15 ambulifts”, melhoria que deve atender também o terminal da fronteira.
Fonte: site G1
Tags:
Cadeira de rodas
Cadeirante
Deficiência física
Deficiente físico
Inacessibilidade
Notícias
Pessoas com Deficiência