Uma campanha promovida pela jornalista Ivy Farias alerta para a falta de acessibilidade nas provas nos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detran). Militante de Direitos Humanos e estudante de libras (língua brasileira de sinais), a profissional de imprensa conseguiu reunir diversos artistas em prol da iniciativa, que denuncia a falta de meios para que pessoas com deficiência auditiva realizem os testes.
Entre as exigências, a ação criada por Ivy pede um intérprete de sinais nos locais de prova para auxiliar os candidatos. “A questão da surdez e da libra é um tópico de futuro”, diz. Atualmente, uma pessoa com deficiência auditiva enfrenta inúmeras dificuldades para conseguir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), documento que autoriza os cidadãos a conduzir veículos no país.
Na campanha, celebridades como Glória Menezes, Ronnie Von, Regina Duarte e Sabrina Sato aparecem segurando um cartaz com o slogan: “Detran sem libras = surdo sem acessibilidade”.
Com diversos trabalhos voluntários na carreira, o fotógrafo Gustavo Scatena topou participar da iniciativa na hora. “Entendo que seja importante contribuir com a sua especialidade. Por meio da profissão, somos capazes de contribuir com causas importantes”, conta.
Há dois anos, o fotojornalista clica celebridades para o calendário do Instituto Olga Kos, que promove a inclusão de pessoas com síndrome de Down. Scatena convidou Ivy para ajudá-lo na produção deste trabalho e daí surgiu a chance de fotografar para a ação do Detran.
“Como jornalista, não adianta, você não apenas estuda o idioma, mas acaba entrando na causa. O jornalista é curioso. Tive curiosidade sobre tudo que envolvia libras, como a campanha. Foi então que subi no escritório do Gustavo, peguei uma folha sulfite e escrevi para ele fotografar”, diz Ivy.
No estúdio, estava Leopoldo Pacheco, segundo artista a ser retratado no calendário de Scatena. Num lance de espontaneidade, ela sugeriu a participação do ator, que logo aceitou. “Como já trabalhei na redação, sei que artista dá visibilidade para a causa. E aí, já que fez o primeiro, vamos ao segundo, ao terceiro...”, afirma a jornalista.
Nenhuma personalidade rejeitou participar do projeto. Houve apenas uma excitação da atriz Regina Duarte, que questionou se surdo poderia dirigir. “Eu gostei muito da pergunta dela, pois pude esclarecer que, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), surdo não é deficiente. Este órgão das Nações Unidas entende que a pessoa deficiente é aquela que falta uma eficiência nas atividades básicas do dia a dia", conta.
As sessões de fotos também ficaram marcadas por algumas situações inusitadas. “Pacheco nem pensou duas vezes. Tio Ronnie, como ele se coloca, foi direto. Já a Sabrina achou o papel muito amarrotado e feio e queria fazer um mais bonito”.
A repercussão do trabalho tem sido positiva. “O fotógrafo gentilmente baixou e editou me ouvindo reclamando que as fotos estavam atrasadas”. O perfeccionismo da dupla foi recompensada com a procura para um diálogo do Detran de São Paulo.
Segundo a jornalista, o objetivo era promover a acessibilidade para o surdo. “Quando o Detran paulista me procurou, eles informaram que teriam formado cerca de 203 servidores em libras; e nos convidou para conhecer um projeto piloto que estão fazendo. [A reposta] do Detran de São Paulo, da entidade federativa mais rica do país, já é um fator positivo”. No entanto, a iniciativa busca voos mais altos.
A ação não tem um alvo específico. “Não sou contra ninguém, nem contra o Detran. A campanha é contra todos os departamentos estaduais de transito. E o único que se manifestou foi esse. Então, se você parar para pensar: 26 que ficaram quietos!”. “Queremos apenas que o surdo tenha a acessibilidade. E cadê? O único Estado que se comprometeu a dialogar foi São Paulo. E os outros?”.
Ivy Farias ressalta que a meta dos próximos dias é mobilizar o maior número de pessoas, uma vez que ao reunir personalidades a campanha chamou a atenção da sociedade brasileira sobre o caso. “Eu acredito que uma andorinha só não faz verão. Eu acredito que não basta as entidades de surdo pressionarem. Tem que ser toda a sociedade, para que todos se sensibilizem. Queremos que as pessoas reflitam”.
A fala do presidenciável Levy Fidelix, do PRTB, durante o debate da Rede Record realizado na noite do último domingo (27/9), também pode ser um exemplo de como é preciso entender que quaisquer ações tomadas no âmbito social podem afetar a todos. “A história está sendo construída. Enquanto a sociedade não sentir que a causa do outro visa o seu bem, haverá um grande problema para evoluir”.
A jornalista lembra que a libra é o segundo idioma oficial do Brasil. "É como se fôssemos o Canadá, que tem o inglês e o francês como línguas pátrias”, acrescenta.
Ação integra campanha pela acessibilidade no Denatran
No início deste ano, o movimento para incluir a questão social na formulação dos testes foi pensada pelo professor e interprete de libras, Alexandre Henrique Elias. “Buscamos com essa causa, sensibilizar e padronizar nacionalmente a acessibilidade aos surdos que são colocados à margem da sociedade”, diz Elias no Facebook. Segundo o portal Catraca Livre, o deputado federal e candidato ao Senado, Romário (PSB-RJ), fez uma consulta técnica à consultoria da Câmara ao questionar o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) sobre o descumprimento da Lei de Acessibilidade.
A legislação estabelece que os órgãos públicos devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado por meio do uso e difusão de libras e da tradução e interpretação da língua realizadas por servidores e empregados capacitados para essa função; um dos pontos defendidos pela ação.
Confira as imagens:
Crédito:Gustavo Scatena
Fonte: Portal Imprensa
Entre as exigências, a ação criada por Ivy pede um intérprete de sinais nos locais de prova para auxiliar os candidatos. “A questão da surdez e da libra é um tópico de futuro”, diz. Atualmente, uma pessoa com deficiência auditiva enfrenta inúmeras dificuldades para conseguir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), documento que autoriza os cidadãos a conduzir veículos no país.
Na campanha, celebridades como Glória Menezes, Ronnie Von, Regina Duarte e Sabrina Sato aparecem segurando um cartaz com o slogan: “Detran sem libras = surdo sem acessibilidade”.
Com diversos trabalhos voluntários na carreira, o fotógrafo Gustavo Scatena topou participar da iniciativa na hora. “Entendo que seja importante contribuir com a sua especialidade. Por meio da profissão, somos capazes de contribuir com causas importantes”, conta.
Há dois anos, o fotojornalista clica celebridades para o calendário do Instituto Olga Kos, que promove a inclusão de pessoas com síndrome de Down. Scatena convidou Ivy para ajudá-lo na produção deste trabalho e daí surgiu a chance de fotografar para a ação do Detran.
“Como jornalista, não adianta, você não apenas estuda o idioma, mas acaba entrando na causa. O jornalista é curioso. Tive curiosidade sobre tudo que envolvia libras, como a campanha. Foi então que subi no escritório do Gustavo, peguei uma folha sulfite e escrevi para ele fotografar”, diz Ivy.
No estúdio, estava Leopoldo Pacheco, segundo artista a ser retratado no calendário de Scatena. Num lance de espontaneidade, ela sugeriu a participação do ator, que logo aceitou. “Como já trabalhei na redação, sei que artista dá visibilidade para a causa. E aí, já que fez o primeiro, vamos ao segundo, ao terceiro...”, afirma a jornalista.
Nenhuma personalidade rejeitou participar do projeto. Houve apenas uma excitação da atriz Regina Duarte, que questionou se surdo poderia dirigir. “Eu gostei muito da pergunta dela, pois pude esclarecer que, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), surdo não é deficiente. Este órgão das Nações Unidas entende que a pessoa deficiente é aquela que falta uma eficiência nas atividades básicas do dia a dia", conta.
As sessões de fotos também ficaram marcadas por algumas situações inusitadas. “Pacheco nem pensou duas vezes. Tio Ronnie, como ele se coloca, foi direto. Já a Sabrina achou o papel muito amarrotado e feio e queria fazer um mais bonito”.
A repercussão do trabalho tem sido positiva. “O fotógrafo gentilmente baixou e editou me ouvindo reclamando que as fotos estavam atrasadas”. O perfeccionismo da dupla foi recompensada com a procura para um diálogo do Detran de São Paulo.
Segundo a jornalista, o objetivo era promover a acessibilidade para o surdo. “Quando o Detran paulista me procurou, eles informaram que teriam formado cerca de 203 servidores em libras; e nos convidou para conhecer um projeto piloto que estão fazendo. [A reposta] do Detran de São Paulo, da entidade federativa mais rica do país, já é um fator positivo”. No entanto, a iniciativa busca voos mais altos.
A ação não tem um alvo específico. “Não sou contra ninguém, nem contra o Detran. A campanha é contra todos os departamentos estaduais de transito. E o único que se manifestou foi esse. Então, se você parar para pensar: 26 que ficaram quietos!”. “Queremos apenas que o surdo tenha a acessibilidade. E cadê? O único Estado que se comprometeu a dialogar foi São Paulo. E os outros?”.
Ivy Farias ressalta que a meta dos próximos dias é mobilizar o maior número de pessoas, uma vez que ao reunir personalidades a campanha chamou a atenção da sociedade brasileira sobre o caso. “Eu acredito que uma andorinha só não faz verão. Eu acredito que não basta as entidades de surdo pressionarem. Tem que ser toda a sociedade, para que todos se sensibilizem. Queremos que as pessoas reflitam”.
A fala do presidenciável Levy Fidelix, do PRTB, durante o debate da Rede Record realizado na noite do último domingo (27/9), também pode ser um exemplo de como é preciso entender que quaisquer ações tomadas no âmbito social podem afetar a todos. “A história está sendo construída. Enquanto a sociedade não sentir que a causa do outro visa o seu bem, haverá um grande problema para evoluir”.
A jornalista lembra que a libra é o segundo idioma oficial do Brasil. "É como se fôssemos o Canadá, que tem o inglês e o francês como línguas pátrias”, acrescenta.
Ação integra campanha pela acessibilidade no Denatran
No início deste ano, o movimento para incluir a questão social na formulação dos testes foi pensada pelo professor e interprete de libras, Alexandre Henrique Elias. “Buscamos com essa causa, sensibilizar e padronizar nacionalmente a acessibilidade aos surdos que são colocados à margem da sociedade”, diz Elias no Facebook. Segundo o portal Catraca Livre, o deputado federal e candidato ao Senado, Romário (PSB-RJ), fez uma consulta técnica à consultoria da Câmara ao questionar o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) sobre o descumprimento da Lei de Acessibilidade.
A legislação estabelece que os órgãos públicos devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado por meio do uso e difusão de libras e da tradução e interpretação da língua realizadas por servidores e empregados capacitados para essa função; um dos pontos defendidos pela ação.
Confira as imagens:
Crédito:Gustavo Scatena
Fonte: Portal Imprensa
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