Tinha onze anos de idade e estava cursando a quinta série do ensino fundamental. Conhecia a turma da minha sala desde a quarta série, éramos todos colegas de classe. No entanto, durante o recreio, percebi que a turma estava dividida em três grupos. Todos os grupos observavam-me atentamente. O primeiro grupo aproximou-se, perguntou o que havia acontecido comigo e logo afastou-se. O segundo grupo ficou somente me observando e nem mesmo aproximou-se. Percebi que os alunos desse grupo queriam ficar o mais longe possível de mim. Entretanto havia o terceiro grupo, formado pela minoria de alunos. O grupo aproximou-se, prestou solidariedade e proferiu palavras de coragem. Esse grupo, assim como eu, não enquadrava-se no corpo “perfeito”, “ideal”, cultuado pela sociedade preconceituosa. Era formado de alunos altos, negros, obesos e que de certa forma, também, sofriam preconceito por parte dos colegas.
A doutora Luciene M. da Silva, em seu artigo “O estranhamento causado pela deficiência:preconceito e experiência”, afirma que: “O corpo marcado pela deficiência, por ser disforme ou fora dos padrões, lembra a imperfeição humana. Como nossa sociedade cultua o corpo útil e aparentemente saudável, aqueles que portam uma deficiência lembram a fragilidade que se quer negar.”
Naquele momento da minha vida, não me importava com o que meus colegas pudessem estar sentindo em relação a minha deficiência. Entretanto, aquela situação me deixava muito incomodada.
Em sala de aula não tive uma boa receptividade por parte dos professores. Eles não orientavam os meus colegas de classe sobre a questão da deficiência e a maneira de convivência que respeitasse as diferenças. Isso ocorreu na década de 80, e hoje em dia, aparentemente, a situação é a mesma em muitas escolas.
A doutora Luciene M. da Silva, em seu artigo “O estranhamento causado pela deficiência:preconceito e experiência”, afirma que: “O corpo marcado pela deficiência, por ser disforme ou fora dos padrões, lembra a imperfeição humana. Como nossa sociedade cultua o corpo útil e aparentemente saudável, aqueles que portam uma deficiência lembram a fragilidade que se quer negar.”
Naquele momento da minha vida, não me importava com o que meus colegas pudessem estar sentindo em relação a minha deficiência. Entretanto, aquela situação me deixava muito incomodada.
Em sala de aula não tive uma boa receptividade por parte dos professores. Eles não orientavam os meus colegas de classe sobre a questão da deficiência e a maneira de convivência que respeitasse as diferenças. Isso ocorreu na década de 80, e hoje em dia, aparentemente, a situação é a mesma em muitas escolas.
O que me deixou muito feliz, foi o carinho e o apoio do terceiro grupo, pois demonstraram o valor de uma amizade e os sentimentos de solidariedade e generosidade. Quanto ao primeiro e ao segundo grupo, espero que tenham mudado a forma de pensar, já que lamentavelmente perderam a oportunidade de conviver e compartilhar experiências diferentes. Espero, também, que tenham aprendido a valorizar o ser humano na sua essência e não pela sua aparência. E que dessa forma possam transmitir às gerações vindouras, que o respeito ao outro ser humano, independente de sua cor, raça, etnia, característica física ou intelectual é uma demonstração de humanidade e de sabedoria. Como, sabiamente, diz um amigo: “Chega de inteligência, o mundo precisa mesmo é de sabedoria!"