Gosto de séries e seriados e percebo uma mudança na forma de representar os diferentes personagens. Comecei a assistir a série Orange is the new black, que poderia ser traduzido como Laranja é o novo preto, referência ao vestido preto básico. Apesar de muitas críticas a seriados americanos, Orange is the new black conta como é a vida de prisioneiras, em um presídio americano e estreou m julho de 2013. Toda história gira em torno da personagem Piper Chapman, nova iorquina que é presa por transportar uma mala com dinheiro vindo de tráfico. Piper é noiva de Larry Bloom, mora com ele, mas tem que cumprir pena pelo crime cometido. A personagem é diferente naquele ambiente da prisão, é uma moça de família de classe média que foi só levou a mala a pedido de uma namorada, Alex Vause que teve na juventude.
Quanto ao gênero, a série é classificada como comédia dramática, já que conta histórias de presas mulheres, mostra as dificuldades e as histórias sobre as condições de vida das presas para levar quem está assistindo a refletir. A série trata de assuntos que geralmente não aparecem na televisão, assuntos como homossexualismo feminino, violência, intolerância religiosa. Mostrando que as presas são pessoas como qualquer indivíduo, como eu e você. Lógico, que elas infringiram às leis e estão pagando contas com a justiça. É interessante perceber que quando conhecemos a história, família, condições sociais e econômicas, começamos a compreender melhor os motivos que as levaram à ações erradas.
Você deve estar se perguntando, o que tem haver deficiência e prisão. Muita coisa, assim como a deputada Mara Gabrilli foi verificar a vida de presos cadeirantes no presídio da Papuda, por questões políticos, a série pretende mostrar presas com perfis diferentes, presas mais velhas, jovens, negras, brancas, latinas, yogue, católica, protestante. A cadeirante aparece no episódio Bora Bora Bora e nos faz refletir sobre não olhar a pessoa como deficiência como coitadinha.
O interessante é que a personagem que usa cadeira de rodas aparece no meio da primeira temporada, mostrando a reação das outras presas ao conhecer a uma jovem infratora cadeirante. Jovens infratoras conhecem a prisão para desanimarem em repetir ações criminosas. Nesse episódio a jovem infratora aparece no meio do episódio em um contexto normal, isso parece ser inclusivo. É uma pena que a personagem não apareça em todos episódios. Ao sair do ônibus os guardas conversam sobre o que a jovem cadeirante teria feito.
Outra cena interessante é quando as internas, fazem trote com as jovens infratoras que ficam sem graça ao dar trote na cadeirante. A moça conta o porque roubou uma loja. O que nos faz refletir que o caráter de uma pessoa não pode ser medido se ela tem ou não deficiência. Piper tem um diálogo interessante com a moça. “Sei que não é fácil se convencer de algo que você não é. Aqui e na vida dá para se manter ocupada para não encarar quem você é. Mas você é fraca. Sou igual a você também sou fraca. E não consigo tocar aqui se não tiver alguém para poder amar. Sei que era alguém antes de entrar aqui”. Não vou descrever todo diálogo para deixar vocês com vontade de assistirem esse episódio e a série. Só os convido para assistir. Para ver a série que passa na netflix a pessoa tem que estar preparada para algumas cenas fortes e perceber que assim como uma pessoa com deficiência é igual a qualquer um, uma detenta também é igual a você e a mim.