Fizemos a seguinte enquete em nosso perfil do Facebook: Para você, dislexia é considerada uma deficiência? A maioria das pessoas opinou dizendo que sim, mas há quem ache que a dislexia é apenas uma dificuldade, e não deficiência - pois quem a possui não é impossibilitado de realizar nenhuma atividade. Pesquisei e não encontrei a resposta certa para essa questão, mas é indiferente, pois a maioria dos disléxicos é muito inteligente, com extrema criatividade e perfeitamente capaz de aprender tudo o que lhe for ensinado, desde que tenha tratamento adequado e incentivo em seu aprendizado - assim como qualquer outra deficiência ou problema.
Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia tem maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 5% e 17% da população mundial é disléxica. Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
Sinais de alerta:
A dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos deverá ser diagnosticada o quanto antes. A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada, mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco".
São considerados sintomas da dislexia relativos à leitura e escrita os seguintes erros:
Confusões na proximidade especial:
a) confusão de letras simétricas;
b) confusão por rotação;
c) inversão de sílabas.
Confusões por proximidade articulatória e sequelas de distúrbios de fala:
a) confusões por proximidade articulatória;
b) omissões de grafemas;
c) omissões de sílabas.
As características linguísticas, envolvendo as habilidades de leitura e escrita, mais marcantes das crianças disléxicas, são:
- acumulação e persistência de seus erros de soletração ao ler e de ortografia ao escrever;
- confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; i-j; m-n; v-u; etc;
- confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; d-b; d-p; d-q; n-u; w-m; a-e;
- confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum, e, cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x;c-g;m-b-p; v-f;
- inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las; pal-pla.
Segundo Mabel Condemarín (1987, p. 23), outras perturbações da aprendizagem podem acompanhar os disléxicos:
- Alterações na memória
- Alterações na memória de séries e seqüências
- Orientação direita-esquerda
- Linguagem escrita
- Dificuldades em matemática
- Confusão com relação às tarefas escolares
- Pobreza de vocabulário
- Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), não há nenhuma linha de tratamento que seja considerada a melhor ou única. O importante é a aceitação e adaptação do próprio disléxico à linha adotada pelo profissional. O que podemos dizer é que como a principal característica dos disléxicos é a dificuldade da relação entre a letra e o som (Fonema -Grafema), na terapia deverá ser enfatizado o método Fônico. Deve-se também treinar a memória imediata a percepção visual e auditiva. É sugerido que se adote o método multissensorial, cumulativo e sistemático. Ou seja, deve-se utilizar ao máximo todos os sentidos. Um exemplo básico é poder ler e ouvir enquanto se escreve. O disléxico assimila muito bem tudo que é vivenciado concretamente.
Por: Laura Marcon de Azevedo