No filme Ninfomaníaca, de Lars Von Triers, a protagonista se apresenta como uma pessoa terrível, deixando explícita a culpa e a angústia de não conseguir controlar seus impulsos sexuais. Esta é a linha que determina a diferença entre gostar muito de sexo ou ser um compulsivo: no caso da patologia, a pessoa deixa de ter interesse por outros temas e tem a vida prejudicada pelo quadro.
"O critério mais utilizado não é a quantidade, mas a indicação de que existe um sofrimento em decorrência desse comportamento repetitivo, ou indício de que há prejuízo em outras áreas da vida", explica o psiquiatra Marco Scanavino, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
- O filme de Lars Von Trier mostra a angústia e a culpa ligadas à falta de controle sobre os impulsos sexuais, características da patologia
As pessoas levam, em média, sete anos desde o início dos sintomas até buscar ajuda - os dados são de um estudo americano. A descoberta de que há algo errado, justifica o especialista, é um processo que não acontece de um dia para outro.
Cerca de 70% das pessoas que sofrem de apetite sexual excessivo (patologia também chamada de ninfomania, no caso de mulheres, ou satiríase, nos homens) apresentam também outro transtorno psiquiátrico. Os principais problemas são ansiedade e depressão. Cerca de 20% delas ainda apresentam risco de suicídio, de acordo com o psiquiatra.
O tratamento para a compulsão sexual é com terapia (Scanavino afirma que a em grupo é bastante eficaz nesse caso). Em alguns casos, pode ser indicado o uso de antidepressivos, que costumam diminuir a libido.