Manter a vida sexual ativa depois de sofrer uma lesão medular é o que muitos cadeirantes desejam. Formar uma família é um desafio ainda maior, principalmente quando o sonho envolve maternidade: "Antes de entender a lesão, eu queria saber se poderia ser mãe", recorda a consultora de inclusão Carolina Ignarra, 33 anos, paraplégica desde os 22, hoje mãe de Clara, 6 anos.
Logo depois da lesão na medula, os pacientes experimentam uma fase de flacidez dos órgãos, braços e pernas. No caso das mulheres, a menstruação pode ser interrompida por meses. "Após a reorganização, a mulher volta a menstruar, pode ter uma gestação saudável e, dependendo do caso, ter um parto normal", explica a médica fisiatra Rosane Chamlian, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Logo depois da lesão na medula, os pacientes experimentam uma fase de flacidez dos órgãos, braços e pernas. No caso das mulheres, a menstruação pode ser interrompida por meses. "Após a reorganização, a mulher volta a menstruar, pode ter uma gestação saudável e, dependendo do caso, ter um parto normal", explica a médica fisiatra Rosane Chamlian, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Quanto à relação sexual, a fisiatra afirma que tanto mulheres quanto homens paraplégicos – com perda de movimentos do umbigo para baixo -- podem alcançar o orgasmo se estimulados e tocados em regiões do corpo como pescoço, orelha e mamilos. "O parceiro tem que ser proativo para tentar descobrir as regiões e carícias que proporcionam maior prazer", orienta Chamlian.
No caso dos tetraplégicos – com comprometimento dos movimentos do tronco, pernas e braços – o desafio é maior e recursos psicológicos são determinantes, afirma a fisiatra, que trabalha na reabilitação de deficientes físicos em conjunto com psicólogos, urologistas, ginecologistas e ortopedistas. "Cheiros e fotos são estímulos importantes nestes casos", diz.
Redescoberta
"A única coisa que não mudou foi a vontade", revela Sidney Mayeda sobre a vida sexual após ter sofrido uma lesão medular que o tornou paraplégico no terremoto em Kobe, no Japão, em 1995. "É como se eu estivesse descobrindo o meu corpo de novo, como na adolescência", recorda. A frustração veio por conta da perda da mobilidade que o impediu de manter o domínio da relação, afirma o cadeirante.
A mulher de Mayeda, a farmacêutica Marisa Luccio Ribeiro, brinca ao dizer que o casal não consegue fazer posições do Kama Sutra, mas garante que tudo vai bem na vida sexual. "A primeira relação foi surpreendente", afirma, ao valorizar a sensibilidade e o toque do marido.
De acordo com a fisiatra, a ereção e a ejaculação também são possíveis, respeitando a particularidade de cada caso, e a medicação para disfunção erétil pode ser indicada para prolongar a ereção, desde que o homem consulte um fisiatra e um urologista antes. "Às vezes, as pessoas trazem questões não resolvidas da sexualidade anteriores a lesão medular", ressalta.
Rosane alerta que cadeirantes têm maior probabilidade de sofrer com infecções urinárias, o que prejudica a qualidade dos espermatozoides. Uma dica que ajuda a evitá-las é "esvaziar a bexiga e o intestino antes das relações sexuais", afirma a fisiatra, que também recomenda o uso de preservativos para evitar doenças sexualmente transmissíveis.