Sophie Morgan não sente nada do peito para baixo, mas garante que tem prazer. Conheça a sua história
Por Marta Gonçalves Miranda
Sophie Morgan ficou paralisada após um acidente de automóvel em 2003. Tinha apenas 18 anos. “Sofri uma lesão na coluna vertebral, e desde então que não sinto nada do peito para baixo”, conta a britânica ao ‘Daily Mail’. “Mais ou menos no centro das minhas costelas para cima, porém, tenho mobilidade completa. A minha vida é passada sobretudo na cadeira de rodas. Mas eu tenho relações sexuais.”
Artista, modelo e apresentadora de televisão, em 2005 Sophie Morgan participou numa série da ‘BBC2’, ‘Beyond Boundaries’, onde viajou com um grupo de pessoas com deficiência para Nicarágua. Em 2008, participou no ‘Britain’s Missing Top Model’, um reality show de moda que procurava mulheres incapacitadas para serem modelos. Agora, Sophie fala abertamente sobre um assunto que é ainda um tabu para muitas pessoas: a vida sexual dos deficientes físicos. “As pessoas com deficiência têm sexo”, afirma. “E, mais importante do que isso, nós apreciamo-lo.”
Nos primeiros meses após o acidente, Sophie Morgan passou por todo o tipo de emoções – negação, raiva, medo, depressão e, eventualmente, aceitação do que tinha acontecido. Durante esse período, a ideia de ter sexo nem sequer lhe passou pela cabeça. Os médicos também não lhe falavam sobre o assunto: cirurgiões, fisioterapeutas, psicoterapeutas, estavam todos mais concentrados em ajudá-la a retomar a sua vida do que a abordar essas questões.
“Assumi que a minha vida como paraplégica seria uma vida de celibato”, confessa Sophie. “Mas, então, aconteceu algo completamente inesperado.”
Morgan apaixonou-se. Quando entrou para uma escola de arte, conheceu um surfista de cabelos compridos chamado Olly. A relação não durou muito, porém Sophie descobriu que afinal ainda conseguia ter prazer. “Eu conseguia sentir a penetração e, melhor ainda, ter orgasmos. Essas sensações eram sem sombra de dúvida diferentes das que tinha antes do acidente. Mas se era claro que o dano na minha medula espinal tinha afectado grande parte do meu corpo, outras vias nervosas estavam claramente a funcionar.”
Alguns meses depois, Sophie visitou um amigo da universidade, e foi apresentada aos seus colegas de casa. Foi nesse momento que conheceu Tom, de 28 anos. “O Tom e eu demo-nos bem, mas não aconteceu nada. Mais tarde, ele admitiu-me que apesar de me achar ‘linda’, assumiu que eu seria incapaz de ter relações ou filhos”, revela Morgan ao ‘Daily Mail’.
Tom acabou por perguntar ao amigo se Sophie podia ter sexo. “Eu costumo brincar a dizer que as únicas três coisas que as pessoas realmente querem saber sobre mim é: ‘podes ter sexo?’, ‘podes ter filhos?’ e ‘como é que vais à casa de banho?’”, brinca a jovem britânica. O amigo assegurou-lhe que sim, e pouco tempo depois começaram a namorar. “Eu não fiquei zangada, nem sequer surpreendida”, garante Sophie ao ‘Daily Mail’. “Afinal de contas, eu tinha pensado sobre o mesmo durante muito tempo.”
“Mas a minha experiência é a minha experiência”, continua. “Como qualquer incapacidade, a experiência de cada pessoa com deficiência é ligeiramente diferente. Só porque eu consigo sentir alguma coisa, isso não quer dizer que todos os paraplégicos consigam.”
É o caso de Berry West, 36, um artista amigo de Sophie. Após um acidente de automóvel, o jovem ficou paralisado do pescoço para baixo. Tinha 17 anos. Desde então, o sexo tornou-se um pouco diferente. “Eu não tenho qualquer sensação ou controlo do meu pénis, mas ainda sou capaz de dar prazer a uma mulher. Por isso acabo por apreciar o sexo, apenas de uma maneira diferente.”
Seis anos depois de ter começado a namorar com Tom, Sophie está noiva. “É triste descobrir quantas pessoas – incluindo alguns dos meus amigos mais próximos – permanecem inconscientes do facto de os indivíduos com deficiência quererem, precisarem e terem sexo. A importância da intimidade não pode ser subestimada”, afirma Sophie. “Todos nós – literal e figurativamente – merecemos um final feliz.”
Sophie Morgan andando com o ReWalk, esqueleto externo:
Fonte: http://www.sabado.pt/
AS PESSOAS ACHAM QUE NOS DEFICIENTES NÃO SENTIMOS, NADA,ISO É UMA PENA TER PESSOAS COM ESSE PENSAMENTO
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