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Brasileiro tetraplégico participa de estudos para cura de paralisia em Miami

Hendrik Zanotti Franco lembra pouco do dia mais trágico de sua vida: 11 de fevereiro de 2007. Era um domingo e ele faltou ao trabalho em uma churrascaria para juntar-se aos primos na chácara de um tio em Valinhos, interior de São Paulo. Depois de algumas cervejas, Hendrik pulou na piscina de cabeça.
“Mãe, me ajuda que eu não estou bem. Eu estou morrendo”, palavras que não saem da cabeça de Isabel Cristina Zanotti.
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Hendrik havia fraturado a coluna cervical e não conseguia se mexer, mas se manteve consciente o tempo todo.
O resgate foi complicado. O local era de difícil acesso e o serviço de ambulância local disse que não conseguiria chegar. A família improvisou a maca e o levou de carro até o hospital, onde ele permaneceu cerca de três semanas em coma induzido e dois meses entre a vida e a morte.
Hoje, aos 26 anos, ele agradece por sua vida ao destino, tendo o acidente o transformado numa pessoa melhor.
“Talvez se não tivesse acontecido isso comigo, eu teria morrido em um acidente de carro ou matado uma pessoa que não tinha nada a ver com isso”, diz ele. “Provavelmente, estaria preso ou morto.”
Hendrik sempre foi teimoso, bebia muito e não escutava ninguém.
“Eu era um cara totalmente bruto. Aprendi a escutar mais, a exercitar a paciência”, diz. “As coisas se resolvem com educação. O ser humano foi feito para dialogar e não para brigar.”
Ele continua teimoso, mas, hoje, sua teimosia tomou forma de luta, perseverança e superação.
Recém-saído do coma, os médicos afirmavam que ele não iria conseguir mexer os braços, nem dispensar o aparelho respirador. Hendrik não só logo começou a mexer os braços e respirar sozinho, como se tornou um jogador profissional de rugby em cadeira de rodas pela Unicamp.
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E assim tem sido sua vida nos últimos anos: uma conquista atrás da outra.
Sem falar uma palavra de inglês, ele preencheu todos os formulários necessários e foi aceito para participar de estudos científicos no The Miami Project to Cure Paralysis, um grande centro de pesquisas em paralisia na Universidade de Miami.
“Vim para Miami no escuro para participar desse programa. O pessoal falava assim: ‘Você é louco, não vá. Você vai se estrepar lá’”, conta. “E eu falei: ‘Ah é, vou me estrepar? Beleza’. Peguei passaporte, visto. Agora estou aqui. E provei para mim mesmo: ‘Eu posso’. Hoje eu pago para ver, mas, em termos de coisas boas, tanto que estou aqui.”
Hendrik chegou a Miami com sua mãe em 17 de janeiro, três dias antes do seu aniversário. Apresentou-se no centro de pesquisas e agora está passando por vários exames para definir em que estudos se qualifica.
Com coragem no peito e um sorriso no rosto, ele diz não estar muito preocupado no que vai entrar exatamente. Só quer estar dentro de um ambiente que possa levá-lo a mexer os dedos novamente para ganhar mais autonomia.
“Minha mãe não vai aguentar me levar para cima e para baixo. Uma hora ela vai dar aquela cambaleada”, diz. “Quero sair dessa cadeira, levantar e ir para o sofá, para cama, tomar um banho. Então eu busco essa independência para poupar o máximo possível a minha mãe.”
Hendrik nunca teve grandes ambições. Desde os 10 anos, trabalhava como “gaúcho” numa churrascaria e sempre ajudava o pai, que morreu meses depois do acidente do filho, a descarregar papelão do seu caminhão. Assim, seu sonho pré-acidente era simples: ser caminhoneiro.
Mas isso mudou. Ele mudou. Hoje, Hendrik pensa, no futuro, em fazer medicina para poder ajudar e curar pessoas.
Depois do acidente, amigos e vizinhos iam à sua casa em busca de conselho. Chegavam chorando e dizendo que não sabiam o que fazer da vida, conta Hendrik.
“Eu pensava: ‘Estou todo lascado e estou aqui’. Resolvia ajudar. Não precisava fazer nada. Só conversar”, diz. “Hoje, não existe satisfação maior para mim do que fazer bem a uma pessoa, ver uma pessoa sorrindo. Penso que ganhei o dia, o ano.”
E é com esse espírito de solidariedade que o jovem paulista, de Piracicaba, vem se tornando um exemplo de vida, superação e esperança. E não perde o entusiasmo, mesmo enfrentando muitas dificuldades.
Hendrik e sua mãe estão alugando um quartinho no apartamento de uma brasileira, mas dependem de doações para despesas e transporte durante a permanência em Miami.
Estão recebendo grande apoio da comunidade brasileira do sul da Flórida, como o Centro de Assistência ao Imigrante (IAC-Florida), e, em 23 de fevereiro, o Grupo Brasileiros na Flórida do Facebook, junto à Comunidade Brasileira Católica de Miami Beach, está organizando uma feijoada beneficente na igreja de St. Joseph para arrecadar fundos para estada e possível tratamento de Hendrik.
Hendrik iniciou também um blog – Hendrik em Miami Project to Cure Paralysis – para compartilhar todos os passos de sua experiência nos Estados Unidos.
“Agora eu vejo que o milagre é correr atrás, procurar. Milagre é estar vivo e ter força para lutar”, diz. “A pior prisão é a do cérebro. Quando eu quero, eu posso. A palavra impossível é muito distante para mim.”
No vídeo, Hendrik Zanotti Franco reflete sobre o segredo do seu sucesso:
Fonte: Estadão
Wilson Faustino

Wilson Faustino 43 anos casado, cadeirante empreendedor, trabalho com marketing e vendas diretas e virtuais. Atuando também como afiliado em plataformas como Hotmart, Eduzz, Monetizze e Lomadee. Trago todo o meu conhecimento para ajudar aqueles que pretendem trabalhar do conforto da sua casa e conquistar a independência financeira e geográfica.

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