Natal é um dos destinos preferidos do turista brasileiro. Principalmente pelo público da terceira idade. Mesmo assim, a capital potiguar está longe de oferecer aos visitantes condições básicas de acessibilidade como outras cidades turísticas. Cartões postais como a Fortaleza dos Reis Magos, o Centro de Turismo e as praias atraem diariamente centenas de visitantes. Para os vovôs e vovós que passeiam por aqui, a falta de infraestrutura acaba deixando a impressão de que a visita à cidade do sol poderia ser melhor.
Foto: Adalberto leandro – Turistas dizem que Natal é linda, mas há problemas de acessibilidade
O Ministério do Turismo, através do Programa Viaja Mais – Melhor Idade, apontou Natal como a preferência de destino dos idosos brasileiros, ficando na frente inclusive da vizinha Fortaleza na hora da escolha do pacote turístico. O Centro de Turismo, localizado na rua Aderbal de Figueiredo nº 980, em Petrópolis, faz parte do roteiro aos visitantes, após passarem pela praia do Forte. O ponto turístico existe há 36 anos e nesse tempo sofreu apenas pequena reforma de acessibilidade, que contemplou a rampa que leva o público ao pátio do prédio. A exigência partiu de normas de segurança do Corpo de Bombeiros em 2008.
As informações são de Francisco Francinildo, que é membro da diretoria da Associação dos Empresários do Centro de Turismo. O local é composto de Galeria de Arte, Antiquário, 36 lojas e restaurantes. Para ter acesso ao interior do Centro a população da terceira idade encontra dificuldades desde a chegada ao estacionamento. Os visitantes precisam descer do ônibus quase 20 metros longe da entrada, para completar, o caminho até ela é contempla uma inclinação, que por sua vez, não está acompanhada do tradicional corrimão que facilitaria a subida até a entrada do Centro de Turismo.
O estacionamento do local é espaçoso, porém não possui ruas largas, que serviriam para facilitar a circulação dos ônibus de turismo. Falta também uma rampa na entrada principal para permitir que pessoas portadoras de necessidades especiais consigam ter acesso ao ponto turístico como o cidadão comum. Esses problemas foram constatados na manhã de ontem, enquanto a equipe de reportagem acompanhava a chegada do grupo Receptivo da Potiguar Turismo.
O casal de Blumenau, José Carlos e Carmem Lúcia estavam felizes por estarem novamente na cidade de Natal. A beleza das praias e a simpatia da população contribuíram para o retorno do casal. “É uma cidade linda, porém, tem problemas como todas as capitais. E percebemos que falta um pouco de facilidade para a locomoção nas ruas, especialmente nas calçadas. Graças a Deus conseguimos nos locomover sem dificuldades, assim podemos conhecer tudo e aproveitar a viagem de férias”, relatou Carmem Lúcia.
Já o casal do Rio Grande do Sul, José e Ivone Soares, acreditam que a falta de acessibilidade que eles tem encontrado em Natal tem o objetivo de não descaracterizar o turismo na cidade. O casal aproveitava o segundo dia da viagem, que vai durar uma semana. “A receptividade do natalense está sendo ótima e aqui não há problemas de mendigos abordando os turistas como em outras capitais”, exaltou José Soares.
A distância entre o estacionamento, na praia do Forte, até o monumento da Fortaleza dos Reis Magos é de 800 metros. O trajeto é feito com alegria pelos turistas e encarado como um obstáculo quando o turista é da terceira idade. Os vendedores ambulantes relataram que há idosos que desistem do trajeto 1.600 metros por considerarem longo e cansativo. O paulistano Hugo Barbosa Filho aproveitou a boa forma conquistada ao longo dos 66 anos para conhecer e aproveitar as férias com a família em Natal. Hugo não deixou de visitar a o monumento do Forte.
Aderbal Júnior tem 12 anos de experiência como guia de turismo na capital potiguar. Segundo ele, muitos idosos desistem de caminhar até o monumento. Outra dificuldade encontrada pelos guias que apresentam a cidade aos turistas está nos acessos dos ônibus de turismo aos hotéis. Buscando um atendimento adequado e padronizado, as empresas particulares tentam oferecer o melhor serviço para o cliente.
O Receptivo Potiguar disponibiliza 13 ônibus de turismo que possuem sistema que movimenta o último degrau do ônibus, facilitando o acesso ao interior do veículo. Um veículo da empresa, com elevador para cadeira de rodas, é utilizado quando há necessidade. O pacote que contempla a visita aos centros turísticos de natal e quatro praias custam R$180 e os idosos pagam a metade. O Receptivo Potiguar Turismo trabalha com a CVC Turismo. O Ministério do Turismo informou que o Programa Viaja Mais – Melhor Idade, contemplou mais de 2 milhões de pacotes de viagens para a terceira idade, entre 2007 e 2010. O programa está sofrendo reformulação na administração e deve voltar a operar ainda este ano.
Secretaria de Turismo admite problema
O secretário de Turismo, Ramzi Elali, informou na tarde de ontem que Natal não tem acessibilidade adequada em todos os pontos turísticos. Ao mesmo tempo, informou que projetos de mobilidade urbana estão sendo criados e que até a Copa de 2014 a cidade estará dentro do que é considerado ideal em acessibilidade. Ramzi informou que o Centro de Convenções concluiu o projeto de acessibilidade. O próximo projeto que a secretaria está empenhada é o do Centro de Turismo.
O projeto será apresentado na próxima quinta-feira à tarde, na Associação dos Empresários do Centro de Turismo. Após a apresentação, serão realizados ajustes no projeto para então ser concluído e ser definido o custo do projeto. O secretário acredita que a reforma no Centro de Turismo ficará em torno de R$4 milhões. O Estacionamento vai passar por reestruturação e deve contemplar, com o novo projeto, elevador, rampas e vagas para sete ônibus de turismo. A Secretaria Estadual de Turismo não prevê ainda modificação no acesso à Fortaleza dos Reis Magos, na praia do Forte.
Comerciante há 30 anos e com loja no Centro de Turismo, Jailde Teodósio de Melo informou que cerca de 35% dos clientes que visitam a loja são idosos. Segundo ela, a obra de reforma do local não vai mexer na estrutura das lojas. Segundo ela, alguns ajustes terão que ser feitos pelos próprios proprietários. De acordo com a administração, 1.500 turistas visitam diariamente o Centro de Turismo, que é administrado pela Fundação José Augusto e Secretaria de Turismo. O financiamento para a reforma será do Programa de Desenvolvimento do Turismo – Prodetur.
Fonte: Tribuna do Norte