A colocação de próteses mamárias é procedimento estético muito comum. Uma revisão de estudos avalia se esta cirurgia plástica implica em prejuízo da detecção do câncer de mama
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Uma pesquisa recém-publicada vai causar polêmica entre os cirurgiões plásticos e mulheres que se submeteram à colocação de próteses mamárias para fins estéticos. E provavelmente vai deixar na dúvida aquelas que estão pensando aumentar as mamas. O estudo publicado no BMJ (British Medical Journal) faz uma revisão e meta-análise de estudos observacionais que avaliaram o impacto da colocação dos implantes de silicone na detecção posterior do câncer mamário. Mas antes de apresentar os resultados vejamos alguns dados sobre as cirurgias estéticas para aumento das mamas. Este procedimento cirúrgico tem se tornado cada vez mais popular no mundo, particularmente nos países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, implantes mamários foram o procedimento cirúrgico cosmético mais comumente realizado em 2011. No total, 307 000 cirurgias foram realizadas, o que significa um aumento de cerca de 800% em comparação com os anos 90. O Brasil seguramente não fica muito atrás.
O problema é que este aumento de popularidade entre as mulheres não está isento das controvérsias sobre o efeitos de saúde a longo prazo de implantes mamários. Mas, principalmente, do prejuízo na detecção precoce do câncer de mama. Cabe destacar que, no geral, a maioria dos estudos epidemiológicos não têm mostrado associação entre implantes cosméticos de seio e excesso de risco para câncer de mama, mas as preocupações se justificam já que as próteses mamárias são radio-opacas e pode prejudicar a detecção mamográfica de doenças malignas em fase inicial. Foi exatamente isso o que os pesquisadores observaram ao analisar em conjunto uma série de pesquisas afins. O aumento das mamas por meio da colocação de prótese mamária se associou marginalmente à maior probabilidade de ter câncer de mama não localizado no momento do diagnóstico. O mesmo resultado se manteve quando a análise foi limitada a estudos que incluíram apenas os casos de câncer de mama invasivo. Pior ainda cinco estudos de coorte que avaliaram a sobrevivência materna mostraram que a plástica mamária se associou a maior risco para morte por câncer de mama. Um aumento do risco de 38%. Este atraso no diagnóstico de câncer de mama nas mulheres com implantes pode ser explicado por múltiplos mecanismos, além da opacidade provocada pelos implantes que criam sombras à mamografia e prejudicam a visualização do tecido mamário na mamografia. Admite-se que a quantidade de tecido do parênquima da mama que fica obscurecido na mamografia varia entre 22% a 83%. A compressão insuficiente da mama para visualizar o parênquima e a produção de artefatos relacionados ao implante também podem prejudicar a interpretação de exames mamográficos. Finalmente, a contratura capsular, que se desenvolve em 15 a 20% das mulheres com implantes, pode reduzir a sensibilidade da mamografia entre 30 e 50%.
Os resultados não devem causar alarme entre as mulheres que tem ou vão ter implantes mamários, já que como todos os estudos de revisão, este também tem suas limitações. Mas a mensagem final dos autores é bem interessante: estes resultados devem ser compartilhados com as mulheres que colocaram ou vão colocar próteses mamárias. (Lavigne E et al. Breast cancer detection and survival among women with cosmetic breast implants: Systematic review and meta-analysis of observational studies. BMJ 2013)
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Próteses