O analista de sistemas Carlos Edmar Pereira não põe limites em si mesmo quando o assunto é sua filha, Clarinha. Desde quando a mulher dele, Aline, estava grávida, ela já era aguardada com todo o amor que poderia ter. Na hora do parto, no entanto, veio o choque: por causa de um erro médico, a garota teve paralisia cerebral. Para possibilitar que a menina crescesse com menos dificuldade, o analista de sistemas a levou para um tratamento com células-tronco na China, trouxe uma clínica de fisioterapia para o Recife e até criou um aplicativo que facilita a comunicação. A história de Carlos, Aline e Clarinha foi mostrada pela reportagem do NETV 1ª edição deste sábado (10).
Clara é sapeca, comunicativa e muito feliz, mas não consegue falar e perdeu alguns movimentos por causa da paralisia. Não foi este obstáculo - por maior que fosse - que fez com que Carlos deixasse de lutar pelo bem-estar de toda sua família. "Foi um baque muito grande porque ninguém espera isso. Mas fomos em frente, tivemos momentos de chorar, de sofrer com isso, mas é para isso que se caminha", disse. Desde então, ele busca todas as formas de fazer com que ela se sinta feliz e possa se expressar.
Na internet, Carlos conseguiu apoio de parceiros e arrecadou verba para um tratamento com células-tronco realizado na China. Clara foi a primeira brasileira a se submeter a este tipo de procedimento. "Custou 40 mil dólares. Quando começou a campanha, abri uma conta no nome dela e coloquei só R$ 10, que era tudo o que eu tinha. Mobilizamos até times de futebol", conta o pai. O objetivo alcançado dá orgulho e alegria depois de ver a filha cada vez mais animada. "Foi muito emocionante para a gente conseguir levantar esses recursos, porque não foi fácil", relembra. A mãe, Aline, não poderia estar mais feliz com tanto amor dentro do lar. "Ele vai, realmente corre atrás. É muito bom tê-lo como companheiro".
Depois desse primeiro passo, a filha do casal precisava de um tratamento com fisioterapia. Mais uma vez, não seria tão simples - o procedimento não existia no Brasil. Com esforço, o paizão conseguiu trazer uma clínica para o Recife. "Consegui informações sobre a necessidade, quantas pessoas com deficiência havia, a localização geográfica e conseguimos montar uma clínica de primeiro mundo aqui", explica. Agora, a menina já consegue se mover. O próximo passo foi aprimorar a comunicação de Clarinha, que, apesar de não falar, entende tudo ao seu redor.
Reconhecimento da ONU
O último grande feito de Carlos foi desenvolver um aplicativo que ajuda a garota a dizer o que quer fazer ou o que está sentido. Ela leva o equipamento para a escola e interage com os colegas normalmente. Através do toque no tablet, ela pode escolher o que quer dizer e a voz do aparelho externa seus sentimentos. Durante a reportagem, até quis aprontar uma surpresa que emocionou a todos. "Quero assustar a repórter", avisou o tablet após comando de Clarinha.
O último grande feito de Carlos foi desenvolver um aplicativo que ajuda a garota a dizer o que quer fazer ou o que está sentido. Ela leva o equipamento para a escola e interage com os colegas normalmente. Através do toque no tablet, ela pode escolher o que quer dizer e a voz do aparelho externa seus sentimentos. Durante a reportagem, até quis aprontar uma surpresa que emocionou a todos. "Quero assustar a repórter", avisou o tablet após comando de Clarinha.
O aplicativo, chamado de Livox e desenvolvido pelo pai de Clara, atualmente é utilizado em escolas e hospitais. A invenção está disponivel gratuitamente e ganhou até um prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU), como melhor aplicativo de inclusão. "O que a gente faz por Clara não é nada demais, é apenas minha obrigação como pai", garante. Carlos viaja em outubro para o Sri Lanka para receber a gratificação da ONU.
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