A síndrome das pernas inquietas (SPI) é uma doença neurológica que se caracteriza por sensações desagradáveis nos membros inferiores, associadas a uma necessidade urgente de movimentar-se, quando em repouso, para alívio dos sintomas. Frequentemente, os pacientes que sofrem dessa síndrome queixam-se de sensações como: queimação, "fincadas", formigamento.
A principal característica da doença é o desencadeamento dos sintomas após o paciente ter deitado, ou às vezes, sentado. Como resultado, muitos pacientes apresentam problemas para dormir (insônia). Quando não é tratada, a doença acaba causando sensação de cansaço extremo e sonolência durante o dia, o que afeta a vida profissional e social do indivíduo acometido. Frequentemente, esses pacientes apresentam dificuldade de concentração, problemas de memória e para realizar as tarefas diárias.
Estima-se que aproximadamente 12 milhões de pessoas sejam acometidas por essa síndrome, nos EUA. No entanto, parece que esse número é bem maior, já que muitas vezes a doença não é diagnosticada. Além disso, muitos pacientes não procuram atendimento médico, pois acham que suas queixas não serão levadas em consideração ou que não existe tratamento para os sintomas.
A SPI ocorre igualmente em homens e mulheres, embora seja ligeiramente mais comum em mulheres. Os sintomas podem iniciar-se em qualquer faixa etária, porém a grande maioria dos indivíduos sintomáticos apresenta-se entre a terceira e quinta décadas de vida. Foi observado, também, que a gravidade dos sintomas piora à medida que a idade avança, de forma que os idosos apresentam sintomas mais freqüentes e mais prolongados.
As pessoas com essa síndrome apresentam sensações desconfortáveis nos membros inferiores, principalmente quando sentados ou deitados, acompanhados de um desejo intenso de movimentar-se. Essas sensações são sentidas profundamente no membro, entre o joelho e o tornozelo. Raramente, os sintomas podem acometer, também, os pés, as coxas e os membros superiores. Na maioria das vezes, os sintomas são sentidos nos dois membros.
Como a movimentação do membro melhora os sintomas, os pacientes tendem a manter as pernas em movimento. Eles podem ficar batendo os pés no chão ou revirando na cama. Muitos pacientes relatam que os sintomas são mais pronunciados durante a noite, com alívio pela manhã, horário em que conseguem dormir melhor. Sabe-se que existem outras situações que desencadeiam os sintomas, como: longos períodos de imobilização (como viagens longas); ficar sentado muito tempo no cinema; vôos de longa distância; durante exercícios de relaxamento.
Em grande parte dos casos, a causa da doença é desconhecida. Em quase metade dos casos, o paciente relata que outras pessoas na família apresentam os mesmos sintomas, o que sugere algum fator genético envolvido. Os pacientes com história familiar tendem a ser mais jovens ao início dos sintomas e apresentam evolução mais lenta dos sintomas.
Nos outros casos, alguns fatores parecem estar associados ao desenvolvimento da síndrome, embora ainda não se saiba se eles realmente são causadores:
- Indivíduos com níveis baixos de ferro no organismo ou anemia podem ter um maior risco de desenvolver essa síndrome. A correção da deficiência de ferro associa-se à melhora dos sintomas;
- Algumas doenças crônicas parecem associar-se à síndrome, como a insuficiência renal, o diabetes mellitus, a doença de Parkinson. O tratamento dessas doenças geralmente leva à melhora dos sintomas da SPI;
- Em algumas mulheres, a síndrome surge durante a gestação, principalmente no último trimestre, tendo melhora até a quarta semana após o parto;
- Algumas medicações podem piorar os sintomas: medicamentos usados contra as náuseas e vômitos, anticonvulsivantes, antipsicóticos, antialérgicos.
Foi relatado também que a cafeína, o cigarro e o álcool podem piorar os sintomas, em pacientes predispostos ao desenvolvimento da síndrome.
Não existe um exame específico para o diagnóstico da SPI. Assim, o diagnóstico é feito com base no relato do paciente e no exame físico realizado pelo médico. Mesmo assim, é difícil o estabelecimento do diagnóstico. Se a descrição dos sintomas, feita pelo paciente, for compatível com a síndrome, o médico poderá solicitar alguns exames laboratoriais e de imagem, com o objetivo de descartar outras doenças que podem apresentar sintomas parecidos. Caso os exames sejam negativos, o diagnóstico fica sendo o de SPI.
Em alguns casos, pode ser realizada a polissonografia, que é um exame que permite avaliar o padrão de sono do paciente.
Em crianças, o diagnóstico é mais difícil ainda de ser realizado, já que esses pacientes podem não descrever corretamente seus sintomas. Frequentemente, os sintomas são atribuídos a "dor de crescimento" ou ao déficit de atenção/hiperatividade.
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