“Os
cães ladram e a caravana passa”
por
Fátima
d’Oliveira
F
|
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convidada (ou deverei dizer, desafiada?) a deixar aqui o meu testemunho, a
minha história, sobre viver com Ataxia de Friedreich.
Pois,
tudo isso é muito bonito, mas o que é que eu digo? E, ainda mais importante,
como é que eu o digo?
Não
que eu não goste de escrever ou que tenha problemas em me expressar por
escrito. Não, meus amigos, esse não é, com toda a (e mais alguma) certeza, o
caso. Se eu até tenho um blogue, “À procura de uma história” (http://aprocuradeumahistoria.blogspot.com), onde dou rédea solta ao meu gosto pela escrita e
vou tentando descobrir esse meu outro lado de mim… Funciona assim como uma
espécie de purga de alma… Aproveito a oportunidade para vos convidar a conhecer
esta minha faceta, a deixarem o V/ comentário e a fazerem-se seguidores. E
desde já, obrigado!
Tão
pouco tenho problemas em falar de mim, pois se eu até já publiquei um livro,
“Quando um burro fala, o outro baixa as orelhas” (Chiado Editora, 2010), sobre
mim e a minha relação com a Ataxia de Friedreich… O que, deixem-me que vos
diga, foi extremamente… catártico!... Funcionou como veículo para exorcizar os
meus demónios…
O
meu problema, não sei se me conseguem entender, é que eu nunca fui… como
dizer?... bem, nunca fui lá muito “politicamente correta”, não sei se me estou
a fazer entender…
Ah,
estou?... Perfeitamente, ainda por cima?...
Bom,
se é assim, não se admirem e ou choquem com algumas das coisas que eu possa
para aqui escrever.
E
depois não digam que eu não vos avisei…
Bom,
mas temos que começar por algum lado, não é assim?
E
que tal pelas apresentações?
Chamo-me
Fátima (Fátinha para os mais chegados), tenho 43 anos, solteirinha da silva e
portuguesa (natural do Vale de Santarém, onde resido). A nível profissional,
estou reformada por invalidez.
Só
me comecei a aperceber de que algo, fisicamente falando, não estava bem comigo,
por volta dos meus 20 anos. Trocando por miúdos, foi por volta dessa idade,
mais coisa, menos coisa, que comecei a me sentir afetada pelos sintomas desta
coisa que teve a triste ideia de me vir azucrinar o juízo.
E
foi o início do meu, vá lá, périplo. A minha odisseia, a minha busca, a minha
demanda, a minha aventura em territórios desconhecidos.
Depois
de várias hipóteses avançadas e posteriormente descartadas, assim como de
algumas quase-certezas, finalmente se chegou a uma conclusão definitiva, ao meu
diagnóstico, à identificação da ataxia de Friedreich. Tinha então 28 anos.
Como
eu pertenço àquele tipo de pessoas que prefere sempre saber a verdade, por
piores que sejam as notícias, imediatamente procurei reunir o máximo de
informação sobre essa coisa da qual eu nunca tinha ouvido falar e que agora era
parte de mim, a ataxia de Friedreich.
Se
gostei do que descobri? Não. Nada.
Mas
não desisti – nunca fui de atirar a toalha ao chão, não faz parte do meu
feitio. Perder, nem a feijões!!!..
Mas,
para grande mal dos meus pecados, não sou uma pessoa muito otimista. Também não
sou negativista, se é isso que querem saber. Não. Eu diria antes que sou uma
pessoa ferozmente realista. Pragmática.
Claro
que prefiro sempre esperar pelo melhor, mas, pelo sim, pelo não, gosto sempre
de me ir preparando para o pior.
Também
não sou uma pessoa de muita fé. Mas acreditem-me quando vos digo, eu até
gostava de o ser. Mas sê-lo de verdade. Porque fingir é fácil e isso, eu
recuso-me a fazê-lo: eu sou o que sou e não quero parecer o que não sou.
Talvez
seja por este traço do meu carácter que eu não acredito numa cura para a ataxia
de Friedreich nestes anos mais chegados. Desculpem, mas não acredito, não
consigo. Eu até acredito que um dia possam descobrir a cura, mas não para já.
Hoje
em dia, faço fisioterapia (2 vezes por semana) e terapia da fala (de 15 em 15
dias).
(Este
romance ainda não está à venda, estando na fase final da tradução e revisão.)
Colaboro
ainda com a APAHE – Associação Portuguesa de Ataxias Hereditárias (http://www.apahe.pt.vu).
Friedreich.
Para esse romance, contribuí com 2 capítulos: o 2 e 3.
(Este
romance ainda não está à venda, estando na fase final da tradução e revisão.)
Colaboro
ainda com a APAHE – Associação Portuguesa de Ataxias Hereditárias (http://www.apahe.pt.vu).
E
pronto, esta sou eu!
Prazer
em vos conhecer!
Tags:
História